MORADORES DO MUVALE INSATISFEITOS COM A SITUAÇÃO DO BAIRRO

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O bairro Muvale, no município da Matala, foi criado depois das demolições realizadas pela administração municipal em 2010. Os habitantes do bairro lamentam pelo estado em que se encontra a circunscrição.

Texto de Jesus Domingos

O sistema de controlo das acções da população instalado pela administração municipal obriga os moradores a pedirem autorização por escrito até quando precisam realizar uma simples palestra. Habitantes dizem que o lazer resume-se ao consumo de bebida alcoólica.

Sem iluminação, alguns moradores vivem à base de geradores, enquanto a maioria se encontra às escuras. O centro médico funciona apenas até as 15H e não abre aos finais de semana. Segundo informação avançada por um enfermeiro, o fluxo de doentes cresce cada vez mais, mas a falta de medicamento e equipamentos não tem facilitado o atendimento. Questionado sobre a razão do atendimento precário e o encerramento às 15H, disse que desconhece as causas.

“Sei que um hospital não devia ser assim porque em primeiro lugar deve haver saúde”, disse o enfermeiro.

Francisco Pata, o “administrador que não sabe de administração pública mas sim sobre dinheiro e cantinas não pode conduzir um bairro e se saísse ajudaria”. É assim que os moradores do Muvale caracterizam o administrador do bairro.

O bairro “está desfigurado” pois, dizem os moradores, algumas casas ocupam espaços que serviriam para ruas, inclusive a residência do administrador, que correm o risco de serem demolidas num processo de arruamento.

O jovem José Jango fala que, desde que furaram as ruas em 2014, só consegue água quem tem dinheiro para comprar. Disse ainda que os poucos moradores que têm água corrente são obrigados a pagar mensalmente quando o líquido não jorra nas torneiras diariamente.

Taxistas que fazem os seus trabalhos na localidade disseram que pelo menos as ruas deviam ser pavimentada para facilitar a circulação, quando a administração municipal preocupa-se mais em apreender motorizadas para depois exigir dinheiro pela devolução.

“Para a construção do posto policial pediram sacos de cimento às cantinas, igrejas e moagens”, denuncia.

Numa conversa com a senhora Domingas, viúva, disse que lhe foi retirado o seu terreno e vendido a um agente da polícia local. Esta acção é comum na localidade. Muitos jovens foram unânimes em dizer que a maior parte da juventude consome álcool excessivamente porque não se cria actividades recreativas e educativas. José Degue, praticante de futebol, disse que “o bairro carece de um campo e algumas actividades para recriar e ajudar a juventude, só que os jovens são precisados para as campanhas eleitorais e algumas actividades”.

Maria Jamba, vendedora no mercado informal do bairro, disse: “Não vendemos muito mas pagamos ao serviço comunitário todos os dias e não criam condições”.

Admirada pela quase ausência de criminalidade juvenil no bairro, a senhora Minga aponta a falta de investimento em sectores sócio-educativos como a causa para os jovens beberem e fumarem liamba. Marcolino José chamou mesmo o administrador de bêbado e que se apoderou do jango da juventude. Também acusou Francisco Pata de ter privatizado qualquer actividade juvenil e lembrou a maratona organizada por jovens “com toda força e sacrifício” mas que “para ele isso não prestou pois cultura é apenas cantinas”.

O bairro Muvale é o segundo do município da Matala em termos demográficos, pelo que os seus habitantes clamam por intervenção urgente com vista à resolução dos problemas que afectam todos os residentes.

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