ESTUDANTES MARCHAM ALUSIVO AO DIA MUNDIAL DO LIVRO

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A marcha que durou pouco mais de duas horas na comunidade do Camama, tinha como objectivo “incentivar o gosto pela leitura na comunidade, sobretudo a comunidade académica”. A marcha foi organizada pela «Explicação Waku Samuel», localizada em Luanda, no município de Talatona, distrito da Camama, e tinha como lema “Os livros são para serem devorados”. A «Explicação» conta com mais de uma centena de crianças.

Texto de Pedro Gonga

A marcha contou com a participação de dezenas de crianças e foi coordenada pelo estudante universitário Nsalambi Waku Samuel, proprietário da “Explicação Comunitária do Camama”. Ao longo da marcha, o jovem Nsalambi fez paragens e falou com intuito de esclarecer a comunidade o objectivo da marcha.

“Estou apelando aos pais e encarregados de educação a apostarem mais na formação dos seus educandos, incentivando o gosto pela leitura aos meninos e meninas, porque é só com a leitura que se poderá construir um futuro melhor. Que comprem mais livros e menos brinquedos”, disse.

Durante a marcha, as crianças entoavam vários cânticos, como “quem lê um livro nunca é mais a mesma pessoa” ou “os livros é para serem devorados”. Também exibiam cartazes com dizeres como “somos a única explicação no mundo que promove o hábito pela leitura”, “os actuais analfabetos são aqueles que sabem ler mas não lêem”, “temos muita pena das escolas que não promovem a gosto pela leitura”.

Nsalambi disse aos microfones da Rádio Angola: “A marcha se enquadra na celebração do dia mundial do livro, e por sermos uma instituição séria, apesar da estrutura, decidimos organizar a marcha, isto para apelar a comunidade do Camama a terem mais gosto pela leitura, por que eu noto que a minha comunidade está a desligar a esse aspecto”.

Nsalambi acrescentou que todos os esforços que eles têm feito é apenas para complementar o papel fundamental do Estado.

“Apenas estamos a complementar aquilo que o Estado deveria fazer, o direito à educação, dar educação à todos, como há essa insuficiência por parte do Estado, nós como membros da sociedade civil que somos, tentamos apenas ajudar o Estado nesse sentido”, esclareceu.

Segundo Alexandre Miala Nsansa, de 12 anos, estudante da explicação da 6ª classe, disse que nunca frequentou uma escola formal mas que está satisfeito pelo que tem aprendido naquela instituição. Mostrou estar satisfeito por participar pela primeira vez numa marcha com o propósito de despertar o gosto pela leitura, porque, segundo ele, tem notado que muitas crianças e também jovem da comunidade não têm o gosto pela leitura, preferem passar mais tempo em coisas desnecessárias ao invés de aproveitaram lendo um livro.

“Sinto-me satisfeito por estar nessa marcha porque eu gosto muito de ler, e hoje sendo o dia mundial do livro, daí decidi participar à marcha para comemorar esse dia tão especial, e convido também outras crianças e jovens que perdem tempos em coisas que não os levarão a lugar nenhum a se juntarem a nós”, avançou o menino Miala, que apontou ainda as grandes vantagens da leitura. “É com a leitura que nós conseguimos viajar sem sairmos de casa, é por intermédio da leitura que conhecemos novas histórias encantadoras”.

Miala diz ainda que gosta de ler livros que o incentivam na vida, mas também aprecia o trabalho de escritores angolanos, como Pepetela, Manuel Rui Monteiro, Luís Fernandes, e tantos outros escritores da praça angolana.

“Gosto de ler livros que retratam a vida de Nelson Mandela, Martin Luther King e outros, livros que me dão mais inspiração à vida, porque esses foram homens que marcaram o mundo”, rematou o menino.

Nsalmbi Waku mostrou-se também satisfeito com a marcha porque acredita que a mensagem da marcha foi passada à comunidade e espera maior “engajamento” por parte dos membros da comunidade. “Me sinto orgulhoso ao ver pessoas da comunidade aplaudindo o nosso gesto e isso nos motiva a continuarmos com as actividades do género”, realçou.

Nsalambi aproveitou também os microfones da RA para convidar todas as crianças da comunidade de “pais economicamente desfavorecidos” a frequentarem a biblioteca comunitária que a explicação dispõe, sublinhando que não existe nenhum requisito para lá estar pois o acesso é gratuito.

A marcha terminou com a oferta de materiais didácticos (lápis, régua, borrachas, cadernos, estojos, cores, mochilas, etc) às crianças da comunidade. Waku Samuel, como é conhecido na comunidade, fez lembrar que a oferta desses materiais é fruto de doações que têm recebido de várias ONG.

“Os materiais que hoje oferecemos às crianças nos foram doados pela associação Jovens Unidos para Actividades Sociais (JUAS), e aproveito já para agradecer o grande trabalho que esses jovens têm feito em prol do país”, disse Nsalambi, que também destacou “o grande esforço do jornalista Rui Filipe por tudo quanto fez e tem feito até agora para que a biblioteca fosse hoje uma realidade”.

Para terminar, Nsalambi Waku Samuel, estudante universitário do ISCED-Luanda, curso de Sociologia no regime pós-laboral, reconheceu que encontra muitas dificuldades em realizar certos projectos sociais, mas nem por isso leva-o a desistir e deixou uma mensagem a todos pais e encarregados de educação do mundo em geral e em particular os de Angola.

“Tenham mais cuidado, ao invés de comprarem mais gasosa, que comprem mais livros, menos calçados e mais livros, menos t-shirts e mais livros, menos festas e mais livros, menos concursos de dança, mais concurso de leitura para aumentar a capacidade de raciocínio das crianças”, concluiu.

O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor foi instituído pela UNESCO em Novembro de 1995, procurando fomentar o gosto pela leitura e, simultaneamente, respeitar a obra daqueles que, pela escrita, têm contribuído para o progresso social e cultural da Humanidade.

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