A INFORMALIZAÇÃO DA ECONOMIA NA MATALA COMO FONTE DE SOBREVIVÊNCIA. ESTUDO DE CAMPO FEITO COM OS LAVADORES DE CARRO

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Oliveira Adão Miguel | [email protected] – 939326805

Resumo: o presente trabalho faz uma abordagem do mercado informal enquanto espaço de comercialização desregrada, na medida em que os agentes económicos não pagam impostos e incumprem com as leis fixadas pelo estado. Em Angola, o mercado informal tem sido uma verdadeira fonte de subsistência das famílias angolanas, sendo manifestamente visível a presença de zungueiras nas ruas ou nos mercados paralelos, engraxadores de sapatos, lavadores de carros e outros comerciantes. Os lavadores de carros são vistos normalmente como jovens com as idades compreendidas entre os 12 e 37 anos que por falta de alternativas em termos de emprego preferem desenvolver esta actividade para sustentar a família e as suas necessidades sempre de forma honesta. Muitos dedicam-se a esta actividade para evitar o crime, porém, eles acabam sendo vítimas do ostracismo social e da discriminação de outros membros da comunidade devido a prática desta actividade.

Conceitos- chaves: Economia informal; Lavadores de carros; exclusão social e pobreza.

Abstract: the present work approaches the informal market as an unregulated commercial space, in that economic agents do not pay taxes and do not comply with the laws set by the state. In Angola, the informal market has been a veritable source of subsistence for Angolan families, with the presence of zungueiras in the streets or in parallel markets, street greasers and car washers clearly visible. Car washers are normally seen as young people between the ages of 12 and 37 who for lack of alternatives in life prefer to develop this activity to support the family and their needs. Many are dedicated to this activity to avoid crime, however, they end up being victims of social exclusion and discrimination of other members of the community due to the practice of this activity.

Key concepts: Informal economy; Car washes; social exclusion and poverty.

 

Introdução

Este trabalho de campo foi desenvolvido no âmbito da disciplina de  Antropologia das Sociedades Complexas Africanas, ligadas ao mestrado do Ensino da História da África.

Ao longo do estudo desenvolvemos a nossa narrativa fazendo recurso a pesquisa bibliográfica, aliada ao método da observação participante e ao inquérito por entrevista como parte da recolha de informações. O nosso trabalho apresentou a situação geográfica e histórica do município da Matala como parte do estudo desenvolvido, assim como realçamos a sua condição social e económica.

No narrativa sobre a economia informal, entendemos que é uma fonte indiscutível de sobrevivência de várias famílias, mesmo sendo uma actividade feita a margem das regras instituídas pelo estado e já no final, desenvolvemos o nosso trabalho falando sobre o perfil do lavador de carro, tentando compreender quem ele é.

Contextualização do espaço geográfico e histórico da Matala

A Matala é uma dos catorze municípios da província da Huíla, possui uma extensão territorial de 9.065 Km2 e encontra-se dividido em quatro comunas, nomeadamente: Comuna-Sede, Capelongo, Mulondo e Micosse[1]. As comunas estão subdivididas por sectores, sendo cada uma delas composta por um grupo de aldeias ou bairros (Perfil do Município da Matala, 2009: 21).

O município fica situado a Leste da província da Huíla, distanciando-se da sede Capital- Lubango, a 172 km, ligando-se a esta, através da estrada nacional 280 e a linha férrea dos C.F.M (caminho-de-ferro de Moçâmedes). É limitado a Sul pelos municípios da Cahama e Ombandja (província do Cunene), a Oeste pelos municípios dos Gambos e Quipungo (província da Huíla), a Leste pelo município da Jamba (província da Huíla) e o Cuvelai (província do Cunene) e a Norte pelo município de Chicomba (Huila) (Manuel, 2014: 52).

Historicamente, o nome “Matala” tem a sua origem na língua local Humbi que é “Omatala” e traduzido para o português significa “lagoas” (o termo Matala nos leva a pensar que é uma corruptela resultante da força do aportuguesamento). Alguns relatos da região afirmam que antes de surgir o nome Matala, essa área era habitada por Tchanjahi e a esposa chamada Mbimbi, onde fundaram uma comunidade com o nome de Tchandjahi. Mais tarde, como na língua Humbi uma lagoa se chama etala e se forem várias lagoas se chamam omatala, assim designados: etala do calumbiro, etala lya Kanomila, etala lyo ngando yo ntimbo, se dá o surgimento do nome Matala[2].

A primeira presença administrativa na era colonial na região deu-se na localidade de Capelongo, à 20 km a sul da Sede Municipal da Matala que então era chamada Vila Folgares[3].

No dia 21 de Janeiro de 1918, foi criada a Capitania-mor no Alto Cunene, com sede em Capelongo e envolvia os postos militares de Mulondo e Kassinga. No ano de 1921, a Capitania-mor, do Alto Cunene foi elevada a circunscrição administrativa, tendo como sede o Quipungo (Paiva Couceiro), envolvendo os postos administrativos de Capelongo e de Mulondo. Em 1934, Quipungo passou a categoria de Conselho. A 27 de Agosto de 1958, a portaria nº10313, definiu novos limites para a Circunscrição Administrativa do Alto Cunene, criando o posto administrativo da Matala (idem:17)

A 28 de Outubro de 1959, pela portaria nº. 14123, a sede do Concelho de Vila Folgares atual Capelongo é transferida para a Matala, com o objetivo de ascender à categoria de Vila. Foi no período pós-independência (Agosto de 1975 à Janeiro de 1976) que a Matala ascendeu a categoria de Município (Hequer, 2011: 22).

Alguns elementos socioeconómicos do município

A situação geográfica do município faz com que ela seja visto como um gigante em termos agropecuário, tendo terra disponível na ordem de 413.267,5 hectares para desenvolver variadas culturas agrícolas. A região produz cereais (milho, feijão, amendoim, massango e massambala), arroz, batata-doce, pepino, abóbora, batata-rena, repolho, couve, tomate, cebola, alho e o pimento[4].

Alguns camponeses estão organizados em cooperativas e associações e têm o apoio da UNACA (União Nacional dos Camponeses de Angola) (Perfil da Matala, 2009:73-83). Outros agricultores são independentes.

Na área da pecuária, o município possui variedades de animais, destacando-se o gado bovino, caprino, suíno, galináceo, asinino e outros.

Devido a sua potencialidade hídrica o município conta com uma barragem hidroelétrica construída em 1954 que fornece energia eléctrica para os municípios da Matala, Lubango, Chibia, Humpata e a província do Namibe. Ainda possui um perímetro irrigado que tem uma extensão territorial de 43 km e foi construído para apoiar os camponeses.

Há ainda forte desenvolvimento na área da indústria, comércio, hotelaria e turismo e serviços da banca.

A economia informal na Matala

O mercado informal está ligado ao conjunto de actividades económicas que se fazem a margem das políticas traçadas pelo estado. A informalização da economia promove o surgimento de empresas não registadas, fuga ao fisco e o aparecimento de muitos negócios paralelos.

A informalização da economia no município da Matala é uma realidade que pode ser vista dentro do contexto angolano. O mercado informal no nosso país emprega um grande número de cidadãos e mantem o sustento de muitas famílias. Lopes (2004) ao olhar para a realidade do mercado informal em Angola, entende que se trata de uma realidade complexa, heterogénea e em acelerada transformação, na qual coexistem, em contextos híbridos, elementos da ordem sociocultural endógena com os valores, modelos e padrões comportamentais que emanam da ordem sociocultural global.

É ideia assente que a proliferação deste tipo de mercado se desenvolveu muito antes do surgimento da economia de mercado em Angola, pese embora, se tinha processado de modo clandestino. Esta situação foi proferida em grande medida pela guerra e pela pobreza a que muitos angolanos estiveram (estão) submetidos.

A informalização da economia apresenta características específicas no contexto angolano:

  • A economia informal de subsistência que envolve actividades de produção e troca de bens e serviços realizadas no quadro da economia familiar com finalidades de auto-consumo;
  • As economias informais tradicionais, que responde ao conjunto de actividades que na época colonial, já eram parcialmente praticadas com carácter informal, destacam-se os ardinas, engraxadores, escultores e comerciantes de artesanato, bem como as que são associadas aos ofícios e à relação laboral mestre-aprendiz (carpinteiros, alfaiates, mecânicos, entre outros);
  • A economia informal de sobrevivência: inclui a produção de bens e a prestação de serviços, nomeadamente o micro e o pequeno comércio retalhista, os serviços de reparação e manutenção, os serviços financeiros, os serviços pessoais e os serviços associados ao lazer e entretenimento;
  • A economia informal de rendimento: actividades orientadas para a geração de rendimentos, com finalidades de prover a satisfação das necessidades dos agregados familiares mas também de permitir a acumulação de riqueza e de capital (abrange as actividades realizadas a uma escala média e grande e contempla os sectores mais rentáveis da economia informal; o comércio retalhista, semi-grossista e grossista, o armazenamento, o transporte, a construção e a prestação de alguns tipos de serviços) (Lopes, 2014).

Atualmente, para o município da Matala, há uma enorme proliferação do mercado informal por conta da pobreza e de outros factores. Entendemos nesta perspectiva, a pobreza como falta de recursos que permitam ter alimentação, algum conforto e a satisfação de outras necessidades (Carvalho, 2014).

A vila municipal conta com os mercados de Tchalitama e Praça Grande como aquele que mais emprega cidadãos. Outrossim, outras actividades de subsistência são desenvolvidas pelos munícipes como alternativa a falta de emprego e o combate a pobreza, com destaque as zungueiras e aos lavadores de carro.

 

O perfil do lavador de carro na Matala

O lavador de carro é a pessoa que sobrevive através da lavagem de carros e de motorizadas. Ao nível do nosso país podem ser encontrados em grandes quantidades nas zonas periurbanas e rurais e são oriundos de zonas pobres.

No município da Matala, de acordo com o nosso estudo, procurámos observar três paradas[5] em locais diferentes, com realce a parada dos vampiros no rio Cunene, a parada da lagoa das 40 casas e a parada da lagoa do soba Tchitala. Os três locais onde se efetuam a lavagem de viaturas comportam perto de 25 jovens com idades compreendidas entre os 12 aos 37 anos.

 

Imagem nº 01: Parada da lagoa do soba Tchitala e dos Vampiros |  Fonte: O autor

Foram entrevistados um total de 12 jovens lavadores de carros em locais diferentes, uma vendedora, um cliente e duas mães dos jovens para fazermos o cruzamento de alguns dados levantados pelos jovens.

Estes jovens trabalhadores, iniciam a sua jornada laboral a partir das 08h00, altura em que começam a aparecer os primeiros brilhos[6], com dois baldes, um trapo (pode ser um pano normal ou uma fralda de bebés), escova dental, escova de lavar, sabão e omo (quer dizer detergente, dai a razão em grafarmos em inicial minúscula).

Os preços para cada carro variam de 1000 a 1500 kuanzas. As motorizadas são lavadas pelo valor de 200 kuanzas. No local pode-se encontrar crianças de 12 anos que são chamados de bombeiros (aquele que tira a água da lagoa). Por dia, sobretudo nos finais de semana ou com o pagamento de salario dos funcionários da função pública, o lavador de carro pode conseguir de três mil kuanzas a cinco mil Kuanzas[7].

Durante a nossa entrevista identificámos o seguinte perfil dos lavadores de carros:

  • São jovens na condição de casados ou possuem filhos e não vivem com as mulheres.

Em média todos eles possuem filhos ou vivem com as esposas e alegam que se dedicam a esta actividade como forma de sustentar a família. Segundo o jovem Evaristo de 22 anos de idade, vive com a esposa na casa dos pais, está a espera de um filho e dedica-se a este trabalho como forma de garantir o apoio da mesma[8]. Já o jovem Brazuka de 28 anos de idade, diz ser casado e possui três filhos[9]. Este cenário ainda é visível na realidade do jovem Gody de 26 anos de idade, que diz ser casado e tem três filhos[10].

Ao longo da entrevista existem aqueles que diziam que chegaram a engravidar, mas não conseguiram viver com as mulheres por falta de condições, como é o caso do jovem Faustino Jorge que diz ter filhos, mas não vive com ela[11].

Um dos jovens da parada da lagoa do soba Tchitala, que congrega perto de 17 lavadores de carros e motorizadas, o jovem Man Gody de 22 anos de idade, justificou-se dizendo que começou a lavar carros desde o dia que casou, porque precisava assumir a mulher e os filhos e passou a olhar para actividade como um meio de sustento[12].

  • Alguns são lavadores de carros por serem órfãos de pai ou de mãe mortos ou vivos.

A perca da mãe ou do pai foi um grande impulsionador para muitos jovens inaugurarem o trabalho de lavagem de carro. As mortes dos pais quer seja física ou pela não assunção de suas responsabilidade enquanto progenitor, passaram a ter uma grande incidência na vida destes rapazes pelo facto de serem dependentes directos. Durante o nosso estudo, alguns revelaram que são órfãos de pais ou de pai ou de mãe e esta situação influenciou bastante para que estes enveredassem para o trabalho de lavagem de carros.

Pedro de 21 ano de idade, diz que vive apenas com a mãe, como consequência da separação dos pais. Porém, a mãe é professora e o pai é marceneiro, mas devido as querelas entre os dois se sente esquecido e por isso, prefere lavar carros com alguma ajuda dos amigos para comprar sabonete, bolacha, creme e pasta de dentes[13].

Lote Welema, mais conhecido por Glody de 26 anos de idade, diz que começou a lavar carros em 2006 como diversão, mas quando o seu pai morreu passou a ter este trabalho como fonte de receitas, para evitar roubar telefones ou mexer coisas alheias. A sua mãe vive e é camponesa. O dinheiro que ele ganha usa para apoiar os seus irmãos e paga a sua formação no colégio Okupita Von Ndjango, onde está a estudar a 10 ª classe [14].

Man Kata, o responsável da lagoa e o mais velho de todos com 37 anos, durante a entrevista revelou que em 2012 deixou de estudar na 5° classe e vivia em Chicomba. Quando o seu pai morreu, a vida começou a ser muito dura e daí começou a lavar carro alguma constância. Man Kata tem 6 filhos e garante que lava os carros porque não pode roubar[15].

  • Os lavadores são oriundos dos bairros e famílias pobres

Estes lavadores de carros normalmente são oriundos de bairros pobres que as vezes se equiparam a um bairro de lata. Muitos vivem em locais sem energia eléctrica, água canalizada, escola apetrechada com as melhores condições técnicas, falta de centro de laser, biblioteca ou um outro serviço que beneficie aquela comunidade.

Os bairros do Muvale, Comandante Cowboy, Cazenga e Cahululu se parecem muito com esta realidade. Nestas localidades, há um grande número de famílias pobres, excetuando um ou outro caso.

Muitos destes jovens não tiveram oportunidade de triunfar em uma área da vida, em virtude de virem de famílias que não podem suportar os gastos com a comida, formação, saúde e vestuário. Segundo os nossos entrevistados muitos enveredaram por essa prática em função das condições socioeconómicas. O jovem Cai Com Vento ao relatar o seu episódio revelou-nos o seguinte:

Quando estudei a quarta classe fui chamado e me disseram que não tinha cédula e fui em casa o pai disse se eu fazer a cédula vamos dormir a fome então decide trabalhar aqui e graças a Deus hoje tenho cédula e estou a fazer a 12 classe. Lavar carro foi a minha primeira profissão isto porque os pais não me deram atenção[16].

Os argumentos levantados pelos jovens podem ser diferentes, mas acabam convergindo no mesmo diapasão. O jovem Castro diz que lava carro porque precisa comprar caderno uma vez que estuda a 8ª classe[17] e o jovem Domingos Incha diz ser eletricista, mas por falta de emprego tem na lavagem de carro uma fonte de sobrevivência[18].

Muitos destes jovens estudaram apenas a 4ª classe ou até a 7ª classe e por falta de dinheiro acabaram por desistir. Alguns possuem profissão como a eletricidade ou a pedreira, mas por falta de um emprego que necessite destas profissões não conseguem se afirmar de outro modo[19].

 

Imagem nº 02: jovem Brazuca | Fonte: O Autor

A parada: um verdadeiro espaço de socialização e comercialização

Apesar da dura realidade vivida pelos jovens, encontram na parada um verdadeiro lugar de socialização e construção de novos parentescos. Durante a observação que fizemos ao local e de acordo com as entrevistas conduzidas aos lavadores de carros e outros comerciantes, a integração e interação dos indivíduos no grupo nos pareceu ser muito fluída.

Os jovens da parada das 40 casas, nos revelaram que todos tratam-se como irmãos e fazem constantemente a refeição em conjunto, sendo que cada um contribui com um dinheiro[20].

 

Imagem nº 03: vemos jovens a jogarem sueca e a batota | Fonte: O autor

A imagem acima revela que na parada do rio Cunene (Parada dos Vampiros), os jovens possuem como passatempo a Sueca[21] e a Batota[22] para fomentar melhor interação e integração entre os membros daquele local. Estes passatempos, comummente são praticados sempre que não há cliente com carros para lavar, ou seja, o brilho. Na mesma parada existe o grupo denominado os Vampiros e fazem o estilo Cuduro e Rapper. Estes jovens sonham um dia em se tornar numa estrela da música angolana.

Na parada da lagoa do soba Tchitala, existe um líder do grupo e o mesmo independentemente do trabalho a ser feito, impõe que os jovens de 12 anos sejam bombeiros e lavem apenas motorizadas, porém, sempre os impelem para nunca deixar de estudar[23].

 

Imagem nº 04: Senhora vendendo no local | Fonte: O autor

Ao longo da nossa observação ainda notámos a presença de varias senhoras que se dedicam a vender cerveja, gasosa, jinguba torrada e pão. A senhora Laura diz que vende na parada a 4 anos e a proximidade facilita-lhe estar naquele lugar. Os seus compradores são os lavadores de carros e os senhores que buscam serviços naquele local[24].

Imagem nº 05: Entrevista com o senhor Samy | Fonte: O autor

Muitos clientes como o Samy são os principais clientes deste local e dizem que procuram estes serviços por serem mais baratos e pelo facto dos rapazes serem boas pessoas e de confiança[25].

O lavador de carro: Um militante da sobrevivência e exclusão e da social

Quando afirmámos que estes jovens são militantes da sobrevivência, é no sentido de que o trabalho que desenvolvem é muito sacrificado e de rendimento muito baixo. Com o dinheiro que estes jovens conseguem, alimentam as suas famílias, colocam na escola os seus filhos e suportam os seus vícios.

Muitas mães devido a precariedade económica da família olham para esta actividade como uma oportunidade de se sobreviver. A senhora Maria José mãe de um lavador de carro, diz que “não gosta quando o seu filho lava carro porque não é boa coisa, por falta de alternativa prefere ter o seu filho ali do que roubar. Não temos condições e através deste trabalho compramos a fuba e roupa para ele[26].

Uma outra mãe prefere acreditar que lavar o carro é uma penalização por não estudar e ouvir conselho dos mais velhos, mas desde que o seu filho começou a trabalhar sempre a ajuda com alguma coisa e compra fuba.[27].
Durante o nosso estudo notámos que muitos destes jovens não se tornaram lavadores de carros por opção, mas por razões de sobrevivência. E alguns dizem que este trabalho acabaria por ser provisório caso aparecesse um emprego melhor onde poderiam ser assalariado e dariam maior dignidade as suas famílias.

Nos bairros em que vivem as vezes são discriminados pelas pessoas que os acham marginais. Finalmente, alguns defendem que o estado devia reconhecer esta actividade como uma profissão, outros acham que o estado devia dar melhores condições como moto-bombas para garantir aos clientes um melhor serviço.

 

Conclusão

A situação da pobreza e a falta de emprego de muitas famílias tem sido um dos principais condutores da proliferação do mercado informal em angola. Este mercado tem abarcado grande parte das famílias mais carenciadas de Angola, nas quais engendram-se constantemente jovens lavadores de carro.

Em guisa de conclusão, entendemos que os lavadores de carros são jovens com idades compreendidas entre 12 aos 37 anos, muitos são órfãos de pai ou de mãe e devido a falta de condições dedicam-se a esta actividade como fonte de sobrevivência.

Resta da parte do estado a obrigação de criar políticas públicas que fomentem o surgimento de mais empregos e deia mais oportunidades de realizações a estes jovens.

 

Bibliografia

BENDER, Gerald Jerry (2009), na obra: Angola sobre o Domínio Português-Mito e Realidade.2ª ed., Luanda: editorial Nzila.

CARVALHO, Paulo (2004). A dimensão subjetiva da pobreza na cidade de Luanda. VIII Congresso Luso-afro-brasileiro de ciências sociais. Coimbra, Portugal.

GIDDENS, Anthony (2010). Sociologia. Lisboa, fundação Calouste Gulbenkian.

GIL, António Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. Ed. São Paulo: Atlas.

LOPES, Carlos et al. (2003) «A Economia de Luanda e Maputo: Olhares Cruzados», Relatório Síntese do projecto Urbanização Acelerada de Luanda e Maputo, Lisboa.

LOPES, Carlos (s/d). Mercado Roque Santeiro: o coração da economia informal de Luanda. Centro de estudos africanos-ISCTE, Lisboa.

Perfil do município da Matala. Província da Huila, 2009.

LOPES, Carlos (2004) candongueiros, kinguilas, roboteiros e zungueiros uma digressão pela economia informal de luanda. Comunicação apresentada ao VII° Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra.

Entrevistas

Conversa com o senhor José Firmino Teixeira, Quinta-feira, 22 de junho de 2018, pelas 12h00.

Entrevista com o jovem Evaristo, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h30.

Entrevista com Man Gody, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h00.

Entrevista com Faustino Jorge, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h30.

Entrevista com Pedro, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h40

Entrevista com Man Kata, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h00.

Entrevista com Cai Com Vento, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 11h00.

Entrevista com Castro, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 10h30

Entrevista com Domingos Incha, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 10h20

Entrevista com Brazuca, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h30

Entrevista com a senhora Maria José, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 19h00.

Conversa com a senhora Bernarda Jamba, Matala, dia 24 de Junho de 2018, 19h30.

Entrevista com a Laura, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 11h30.

Entrevista com Samy, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 11h00.

 

[1] É preciso fazer lembrar que do ponto de vista jurídico- institucional, as comunas da Matala e do Micosse não estão oficialmente reconhecidas.

[2] Conversa com o senhor José Firmino Teixeira, Quinta-feira, 22 de junho de 2018, pelas 12h00.

[3]  Região habitada pelos primeiros portugueses que surgem dentro do projeto político dos colonatos. Para aprofundar essa visão histórica, ver, Gerald Jerry Bender, na obra: Angola sobre o Domínio Português-Mito e Realidade.2ª ed., Luanda: editorial Nzila, 2009.

[4] Matala-Wikipédia, a Enciclopédia livre. Disponível: https//pt.wikipedia.org. acesso, 25 de Junho de 2018.

[5] Parada é o local informal onde os jovens lavam os carros e as motorizadas.

[6] Brilho é um termo codificado usado pelos lavadores de carros para dizer carros ou motorizadas a serem lavados.

[7] Entrevista com o jovem Evaristo, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h30.

[8] Entrevista com o jovem Evaristo, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h30.

[9] Entrevista com o jovem Brazuka, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h30.

[10] Entrevista com Man Gody, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h00.

[11] Entrevista com Faustino Jorge, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h30.

[12] Entrevista com Man Gody, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h00.

[13] Entrevista com Pedro, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h40

[14] Entrevista com Glody, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 10h00

[15] Entrevista com Man Kata, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 10h00.

[16] Entrevista com Cai Com Vento, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 11h00.

[17] Entrevista com Castro, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 10h30

[18] Entrevista com Domingos Incha, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 10h20

[19] Entrevista com Brazuca, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h30

[20] Entrevista com Luciano, na Matala, dia 21 de Junho de 2018, pelas 17h40

[21] Sueca é o nome dado a um jogo feito por duas equipas, usando cartas. Normalmente é praticado nos óbitos e a noite. Há lugares onde dizem ser proibido jogar de dia porque pode dar maldição.

[22] Batota é um jogo de carta que envolve duas ou mais pessoas e faz-se aposta de quantias monetárias.

[23] Entrevista com Man Cata, 24 de Junho de 2018, 10h00.

[24] Entrevista com a Laura, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 11h30.

[25] Entrevista com Samy, na Matala, dia 22 de Junho de 2018, pelas 11h00

[26] Entrevista com a senhora Maria José, na Matala, dia 24 de Junho de 2018, pelas 19h00.

[27] Conversa com a senhora Bernarda Jamba, Matala, dia 24 de Junho de 2018, 19h30.

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