VENEZUELA: DO PETRÓLEO À CRISE POLÍTICA

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Texto de Edson Kassanga

Apesar de Maduro vencer as eleições legalmente, os cidadãos venezuelanos manifesta-se em apoio a oposição, acreditando  que a vitória deste foi forjada, além de não observarem sinais de melhorias na área económica e social do pais,  volvidos alguns meses depois do escrutínio. A mais expressiva manifestação, no tocante ao numero de aderentes, foi marcada pela declaração do principal responsável do evento na qual autoproclamou-se Presidente Interino da República, agravando a actual crise que está relacionada, essencialmente,  com o petróleo e está dividindo a sociedade internacional de um modo susceptível de resultar numa guerra civil.

Localizada no norte do continente Sul Americano e independente desde 1819 sob liderança de Simon Bolivar, a Venezuela é assolada por uma crise económica, social e por arrasto também política essencialmente relacionada a um recurso natural, entendido por muitos especialistas na matéria como sendo, simultaneamente, a sua bênção e a sua maldição:- O petróleo.
É no território venezuelano onde está localizado a maior reserva de petróleo do mundo facto que por um lado, enche os venezuelanos de orgulho, já que o petróleo é um dos recursos com o qual arrecada-se muitas somas em dinheiro necessário para desenvolvimento do país. No entanto, por outro lado, deixa-os muito preocupados considerando que, pelo também chamado “Ouro Negro” cria-se grande possibilidade de a independência e a integridade territorial do seu país serem escamoteadas por outros países considerados do primeiro mundo, movidos pela cobiça pelo mesmo recurso atrelada aos múltiplos e sólidos factores de poder que detêm.
A economia venezuelana é fortemente dependente da produção de petróleo constituindo cerca de 90% das suas exportações, porém, a produção deste importante recurso tem estado a abrandar desde época Chavista. Em consequência de um golpe de estado fracassado ocorrido durante a vigência do governo de Hugo Chavéz (entre 1998-2013), este nacionalizou as empresas petrolíferas e  expulsou os expatriados que nelas trabalhavam provocando um decréscimo da produção de petróleo, assim como as receitas por elas arrecadas, uma vez que, parte significativa dos nacionais não tinham experiência e conhecimentos suficientes, equiparados aos dos primeiros. Por se tratar de uma economia pouco diversificada, entre outras razões, provocou uma grande crise económica em que as escassez de alimentos e de medicamentos demonstram o seu lado mais extremo. Logo, um dos factores que contribuiu para o surgimento da actual crise provem da governação do antigo Presidente.
Apesar dos esforços do actual presidente, Nicolás Maduro, a verdade é que a crise arrasta-se até aos dias de hoje fazendo com que o povo apoie, cada vez mais, a oposição tal como se evidenciou na última marcha promovida pela mesma (marcada por um índice muito elevado de participação) na qual o seu responsável, Juan Guaidó, actual Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, autoproclamou-se Presidente Interino do mesmo país, contra a Constituição e o actual titular do Poder Executivo legalmente eleito. Logo, instalou-se uma uma crise de liderança, ou seja, uma luta aberta pelo poder político em que um procura manté-lo enquanto outro deseja alcançá-lo.
Segundo alguns especialistas no assunto, a actual crise resulta de um conjunto de acções orquestradas pelo tão poderoso EUA com objectivo de retirar Maduro do poder,  principalmente por este não salvaguardar os seus interesses naquele território, tal como vem acontecendo em quase todos os países sul americanos como foi o caso da Guatemala em 1954, entre vários exemplos.
O facto de os EUA financiar  os governos dos países que acolheram exilados  venezuelanos, assim como as despesas de regresso massivo dos mesmos à Venezuela, precisamente nas vésperas da grande manifestação da oposição na qual o Guaidó autoproclamou-se presidente interino,  além do declaração da administração Trump em reconhecê-lo, constituem indícios relevantes sobre as verdadeiras intenções do executivo das terras do “Tio Sam”.
Em razão da autoproclamação dividir o povo da Venezuela decorrente a firmeza demostrada nos últimos dias por Maduro e Guaidó no quesito permanência no poder e sobretudo pelo facto dessa divisão ser extensiva à sociedade internacional,  na medida em que, países como EUA (que não descarta nenhuma possibilidade   intervenção naquele país), Brasil e o Reino Unido, entre outros, demonstram apoio a Juan Guaidó, enquanto a  Rússia (com quem as Forças Armadas de Maduro têm feito manobras militares e dela tem recebido armamento cujo poder de destruição preocupam dos EUA, já há algum tempo), a China, Irão e a Turquia estarem ao lado de Maduro, analistas em Relações Internacionais ligadas as Universidades mais prestigiadas no mundo, convergem na opinião de que a Venezuela pode estar as portas de uma guerra civil.
Portanto, a Venezuela é devastada por uma crise económica, desde a governação de Hugo Chavéz, relacionada com a cobiça do seu petróleo pelo EUA. Volvido algum tempo, esta crise passou também a ser política, agravando-se na última quarta  feira (23), dia em que Juan Guaidó autoproclamou-se Presidente Interino do país abrindo as portas a uma guerra civil, em atenção aos apoios externos que este tem, bem como para os apoios externos que Maduro, actual PR eleito legalmente, também possui.

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