“SAIU EDUARDO DOS SANTOS ENTROU JOÃO LOURENÇO, MAS O COMBOIO CONTINUA O MESMO”, DIZ ACTIVISTA

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O activista cívico Eduardo Ngumbi considera “estranha e absurda” a detenção e condenação dos sete activistas na cidade do Lobito, província de Benguela, na sequência de uma manifestação, ao que consta “pacífica”, contra à falta de água há mais de quatro meses na zona alta do Lobito.

Rádio Angola

Os sete activistas foram condenados na passada sexta-feira, 06/07, pela 2ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal de Comarca do Lobito, a cinco meses prisão, pena convertida em multa avaliada em mais de 460 mil kwanzas.

O advogado de defesa, Chipilika Eduardo afirmou que os crimes não foram provados e lamenta que as multas, avaliadas em 469 mil kwanzas, com emolumentos incluídos, estejam a condicionar a soltura dos activistas.

“É aqui onde reside a injustiça da sentença. Não se pode privar a liberdade a alguém por falta de pagamento, já que existe pena de prisão e pena de multa. Nenhum dos três crimes, o de assuada, desobediência e injúria contra a autoridade pública, ficou provado, a sentença foi generalista, não precisou o que eles fizeram de concreto”’, justificou à imprensa o advogado.

Segundo o causídico, só um recurso justificaria a manutenção da prisão, pelo menos até o parecer do Tribunal Supremo, mas o certo que os jovens continuam encarcerados, e a rejeitar a alimentação dos serviços prisionais.

Entretanto, em entrevista à Rádio Angola, o activista Eduardo Ngumbi disse que os jovens exerceram apenas um direito consagrado na Constituição da República, em obediência ao artigo 47. “Eles estavam numa distância de 100 metros da sede da Administração Municipal do Lobito e exibiam tão somente cartazes reclamando a falta de água na zona”, disse.

Para Eduardo Ngumbi, a condenação dos setes activistas por reclamar água “demonstra que o país continua a ser governado sob uma ditadura”. Ngumbi pensa que a condenação dos jovens do auto-denominado Movimento Revolucionário “foi uma manobra feita à medida dos dicisores”.

“Infelizmente estamos entregues à bixarada, em Angola saiu José Eduardo dos Santos, entrou João Lourenço, mas o comboio segue a mesma carruagem e ninguém diz nada”, reforço o activista, para quem “no julgamento não ficou provado que não houve violação da parte dos jovens por exigirem o direito a água”.

O também jornalista comunitário, apela a todos cidadãos a manifestarem o apoio necessário aos sete jovens condenados, cuja pensa foi convertida em multa. “Apelo a sensibilidade humana para o apoio aos activistas condenados”.

Oiça aqui na página da Rádio Angola a entrevista completa do activista Eduardo Ngumbi, conduzida pelo Florindo Chivucute:

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