Relatório aponta “alerta vermelho” na Sonangol

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Por VOA

A petrolífera angolana Sonangol atravessa dificuldades económicas com impacto na economia do país e, em 2019, o pagamento da dívidas foi superior aos lucros das suas atividades petrolíferas.

A agência Reuters escreve que esses resultados estão no relatório anual de 121 páginas publicado na semana passada pela empresa e serve para sublinhar os perigos económicos que Angola enfrenta.

A Sonangol informou que os seus lucros líquidos caíram em 2019 para 46 mil milhões de kwanzas (cerca de 125 milhões de dólares), de 80 mil milhões de kwanzas (316 milhões de dólares) em 2018.

Tal queda acontece apesar do preço médio do petróleo Brent ter sido, no ano passado, de 64 dólares o barril, não muito abaixo da média de 72 dólares de 2018.

Entretanto, este ano a média situa-se nos 40 dólares o barril.

No seu estudo, a agência Reuters afirma que as atividades centrais da Sonangol perderam 351 mil milhões de kwanzas (995 mihões de dólares), comparados com um lucro, em 2018, de 69 mil milhões de kwanzas (274 milhões de dólares).

A queda do preço do petróleo agravou o peso das dívidas da companhia que obteve milhares de milhões de dólares de empréstimos da China e de bancos, como o Standard Charter, nos últimos anos para apoiar a economia e a sua expansão, dando o petróleo como garantia.

O total do passivo em 2019 era de 36 mil milhões de dólares, segundo a Reuters, incluindo empréstimos, provisões de risco e contas a pagar.

Em 2019, o pagamento de dívidas atingiu mil e 800 milhões de dólares, contra lucros operacionais da produção petrolífera, venda e refinação de mil e 570 milhões de dólares.

“Forte crescimento”, mas sem muito impacto

A Reuters fez notar ainda que a companhia sublinhou os lucros líquidos como “um forte crescimento…. como resultado da estabilização de rendimentos e fortes reduções de custos no contexto da restruturação em curso”.

Entretanto, lembra a agência, esse lucro líquido foi gerado por mil e 100 milhões de dólares de “resultados extraordinários”, a maior parte proveniente do cancelamento de uma vasta dívida velha e a venda de alguns ativos, incluindo quase 300 mil milhões de kwanzas referentes a uma companhia iraniana formada com a Sonangol para desenvolver um campo de gás que nunca arrancou devido às sanções internacionais impostas ao Irão

Outros ganhos extraordinários incluem a venda de uma companha de propriedades e 13 mil milhões de kwanzas de transferências de seguros de saúde de centenas de trabalhadores para o Estado.

A Reuters conclui que companhia de auditoria KPGMK revelou que os passivos ou obrigações da Sonangol ultrapassam os seus ativos, algo que não acontecia desde a queda dos preços do petróleo em 2016.

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