Por falta de alimentos cidadãos recorrem ao “Monte de Oração” para suplicas a Deus e acabam detidos

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A pandemia do novo coronavírus que assola o país, com a província de Luanda a ser o único território de Angola até ao momento a registar mais de 50 casos positivos, dos quais três resultaram em mortes, arrasta consigo problemas que tornam muitos homens e mulheres, amputados dos seus poderes de compra, vendas, trocas, trabalho, decisões, coordenação e outros, deixando os cidadãos vulneráveis ao sentido do ventilador devido às medidas impostas pelo “Estado de Emergência”.

Fonte: O Decreto|Radio Angola

Nestas condições, estariam quinze jovens adolescentes (doze meninas e três rapazes), que “sentido os seus poderes escamoteados pela culpa da pandemia da COVID-19 e os limites impostos pela lei, viram-se na necessidade de curvar-se diante do “altíssimo”, no conhecido “Monte de Oração”, montanha onde, segundo apurou O Decreto, várias pessoas sobem até ao cimo, para “orar, jejuar e fazer vigílias.

Localizado nas imediações da Nova Simangol, no município de Cacuaco, em Luanda, o local, dizem os seus frequentadores, “serve para pedir paz, saúde, benevolência e misericórdia, tendo em conta o cenário que o mundo enfrenta com a pandemia da COVID-19.

O portal O Decreto apurou que, estes cidadãos com as idades que rondam até aos 38 anos, são provenientes de vários pontos de Luanda e fazem parte de varias seitas religiosas (Pentecostais, Universais e outras Evangélicas), cada um destes buscando resolução para os seus problemas, bem como para a solução para a cura da pandemia.

O jovem António Adão contou ao O Decreto que trabalha por conta própria e, em consequência do novo coronavírus, os clientes deixaram de o contacto, uma situação segundo disse causou uma crise “sem precedentes” em sua casa, facto que resolveu subir ao “Monte de Oração”, para que, com as suas orações, Deus o mostrasse soluções viáveis para saída da crise da COVID-19.

Não muito longe desta pretensão, foi igualmente ao mesmo “local de oração” a jovem Sandra, 25 anos, que disse ser desempregada, que diante de uma proposta de trabalho para o seu marido, juntou-se ao grupo de “amigas de oração” com vista a fazer “rezas a favor da proposta”, visto que a muito que o marido não consegue emprego.

Desconhecendo ou não a proibição dos ajuntamentos neste período em que o país observa o “Estado de Emergência”, em que alguns dos direitos fundamentais consagrados na Constituição da República estão suspensos pela força do Decreto Presidencial, o grupo dói surpreendido pelas forças polícias que resultou na sua detenção.

Os detidos serão, nas próximas horas, julgados sumariamente pelo Tribunal Municipal de Cacuaco, por prática de crime de desobediência (distanciamento social).

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