PERIGO IMINENTE: CENTRO MATERNO INFANTIL DA FUNDA CAI AOS PEDAÇOS

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As fissuras que atravessam as paredes do centro materno tornaram-se o «cartão-de-visita» para quem acorre àquela unidade sanitária à procura de cuidados médicos.

O Centro Materno Infantil da comuna da Funda, no município de Cacuaco, encontra-se em estado avançado de degradação, com problemas de infiltrações de água e “graves” fissuras por quase todas as suas infra-estruturas. A situação deixa atónitos funcionários e pacientes que temem o desabamento total da unidade hospitalar, erguida há mais de 10 anos.

O estado de deterioração em que se apresentam as paredes e tectos do único centro materno infantil da funda está a criar “terror” aos trabalhadores e pacientes, que clamam pelo pior na presente época chuvosa e, por isso mesmo, apelam para a sua intervenção urgente.

As fissuras que atravessam as paredes tornaram-se o «cartão-de-visita» para quem acorre àquela unidade sanitária à procura de cuidados médicos. Em quase todos os seus compartimentos, como farmácia, refeitório, pediatria, salas de tratamento, de parto e a sala administrativa, o rasgo que atravessa as divisões são visíveis até nas suas fundações.

Orçado em 600 mil dólares, o centro foi inaugurado em 2006 pela ex-primeira-dama da República Ana Paula dos Santos, tendo beneficiado de obras de reabilitação em 2013, mas de lá para cá “nunca mais foi intervencionado”, o que tem permitido o alastramento das fissuras pelos quatro canto do hospital, sob o olhar impávido dos 22 enfermeiros, três médicos e pacientes, que têm aquela unidade como o local de trabalho e abrigo em busca da cura.

Apesar de estar localizado junto da administração comunal da Funda, o risco do hospital vir a desabar apresenta-se cada vez mais iminente. O médico de clínica geral Elias de Jesus confirmou o problema que o centro enfrenta. “O sentimento de insegurança é cada vez maior dentro do centro. Há momentos em que estamos no meio de uma consulta e sentimos as paredes vibrarem e, com isso, as fissuras incrementam-se mais”, testemunhou o especialista, que falava em nome da direcção do hospital. Continuando, sublinhou que o problema é do conhecimento das autoridades.

“Já remetemos várias cartas às entidades superiores, expondo a preocupação, mas até ao momento sem respostas”, lamentou o doutor Elias de Jesus, enfatizando o risco que todos correm dentro do hospital. Além da situação das infra-estruturas, o centro enfrenta problemas da falta de água potável, electricidade e saneamento, situação que se agrava com o estado degradantes das casas de banho e a falta de equipamentos médicos.

“Não temos água canalizada nem uma electrobomba para que se possa reabastecer os compartimentos do hospital, sendo que a água é um bem precioso para o centro. As casas de banho praticamente já não funcionam e também temos problemas de luz”, sublinhou o médico que se queixa igualmente do fraco abastecimento de fármacos.

Embora as condições sejam desfavoráveis, o técnico de saúde garante que não vão «arregaçar as mangas» em prol da saúde dos residentes. “Vamos continuar a colocar as nossas vidas em perigo, porque também não podemos cruzar os braços vendo crianças necessitando de cuidados de saúde. Estamos no bairro periférico e as pessoas precisam de atenção médica”, concluiu.

Saliente-se que a malária, as doenças respiratórias agudas e as diarreias são os casos mais frequentes naquele centro, que atende diariamente mais de meia centena de pessoas, vindas de vários pontos da circunscrição e arredores.

POPULAÇÃO QUER SERVIÇOS MAIS PRÓXIMOS

Apesar das dificuldades que enfrenta, o centro materno infantil atende diariamente mais de meia centena de pessoas vindas de vários pontos da Funda e não só. Moradores ouvidos pelo NJ solicitaram ao governo uma intervenção urgente no único hospital da zona, ao mesmo tempo que pediram a construção de mais hospitais na Funda, para acudir à demanda e encurtar as distâncias que percorrem.

“Somos obrigados a percorrer longas distâncias porque aqui na funda não temos muitos hospitais. Temos apenas a leprosaria e o hospital da Kilunda que também ficam distantes”, disseram.

«FISCAL»: CHUVA NÃO POUPOU O TECTO DA ADMINISTRAÇÃO DA FUNDA

As chuvas que caíram em Luanda na noite do dia 21 de Outubro causaram o desabamento do tecto da varanda da administração comunal da Funda, facto que obrigou a deslocação àquele território do governador de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, para constatar in loco os estragos da chuva.

Na ocasião, o governante comprometeu-se em enviar à comuna Funda uma equipa técnica para avaliar os custos para a reparação da parte do tecto da administração comunal que ficou destruído pela chuva. A comuna da Funda está localizada no município de Cacuaco e possui uma população estimada em 80 mil habitantes. A região é rica em recursos hídricos, o que tem possibilitado a prática da agro-pecuária. A zona possui ainda sítios turísticos, tais como as lagoas da Kilunda, Miradouro do Muzondo, entre outros.

A população dedica-se igualmente à prática da agricultora. É na Funda onde está também localizada a única leprosaria de Luanda.

Fonte: Novo Jornal | Dulcineia Lufua

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