OFICIAL DA POLÍCIA NACIONAL ACUSADO DE BURLA

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Mais de 60 jovens angolanos, entre os 19 e 35 anos de idade, dizem serem vítimas do director da escola de formação de Polícia Nacional, superintendente Noé João Manuel de Oliveira.

Texto de Simão Hossi

A escola localiza-se no bairro Kapolo II, comuna do Palanca, distrito do Kilamba Kiaxi, e é mais conhecida por «Puniv do Kapolo II». Foi defronte à instituição de ensino que os jovens se manifestaram para exigir devolução do dinheiro pago por uma vaga que os possibilitaria sair do desemprego ao ingressar nas fileiras da Polícia Nacional.

As vítimas contam que chegaram a pagar entre 100 a 300 mil Kwanzas, quantia que era entregue ao intermediário Humberto de Carvalho (foto abaixo), conhecido como o intermediário entre os pagadores e o director da escola, mas que também queixa-se de ter sido burlado pelo acusado.

Humberto de Carvalho | DR

Os contactos com o director eram realizados no interior do Puniv, encontros em que Humberto participava activamente enquanto elemento principal entre as partes, recebendo das vítimas, para além do envelope com o dinheiro referido, os documentos exigidos pelo superintendente Noé de Oliveira.

O longo tempo de espera é apontado pelas vítimas como a razão para pressionarem no sentido de serem enquadrados ou, em alternativa, proceder-se a devolução do pagamento. Noé de Oliveira passou a não atender os vários telefonemas que lhe faziam. Começaram a perceber que estavam perante indícios de burla, pelo que Humberto foi a pessoa mais próxima a quem poderiam fazer exigências.

”Ele transmitiu-nos confiança, garantiu-nos enquadramentos dizendo que tem o poder de enquadrar todos à polícia. Chegamos até ao ponto de termos as mochilas prontas, e as farinhas, para os treinamentos”, frisou uma das vítimas.

Segundo as vitimas, já fizeram uma queixa-crime contra Noé de Oliveira numas esquadra policial no bairro Nova Vida. Entretanto, até ao momento não vêm a situação a ser resolvida.

 

REACÇÃO DA POLÍCIA

Contactado, o porta-voz da Policia Nacional, comissário Orlando Paulo, informou que o acusado foi expulso dos quadros da polícia em 2015 e que a escola da qual é director foi encerrada neste ano, pelo que até ao momento tem funcionado apenas  para entregar os últimos certificados. O estabelecimento onde funcionava o Puniv foi entregue à Unidade Anti-Terror (UAT), que passará a dar formação exclusivamente aos agentes da corporação.

Ainda segundo o porta-voz, o acusado foi expulso dos quadros do ministério do Interior em 2015 por práticas indecorosas e má conduta, ou seja, exactamente por burla, “aproveitando-se da fragilidade do crescimento do desemprego no seio dos jovens, com a esperança de ter um emprego e estar na função pública”.

O porta-voz enfatizou o facto de Noé de Oliveira ter sido expulso em plena formatura policial, tendo ali mesmo retirado a farda e as patentes. Entretanto, o superintendente, estranhamente, continuou como director da escola policial até o final do ano lectivo 2017, como se nota nos certificados emitidos pelo Puniv assinados pelo mesmo.

À igualdade das vítimas, a nossa reportagem tentou ligar para os números de Noé de Oliveira, mas não tivemos sucesso por os números estarem desligados. Porém, o porta-voz Orlando Paulo garantiu que a Polícia Nacional vai averiguar o caso.

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