O MEDO CONTINUA A FAZER PARTE DA ESTRUTURA MENTAL DOS ANGOLANOS

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Elias Muhongo

Nesta terra Angola que é mesmo nossa, às vezes, é com muita razão que os angolanos que vivem na Europa, América e na Ásia, vendo como as coisas andam em Angola na verdade preferem mesmo ficar no país em que estão, do que voltarem para as suas terras natal e vir passar o que sabem. A expressão é muito forte para traduzir a dramaticidade da situação em que nos encontramos, não haver cuidado com a educação moral das crianças, adolescentes e juventude, sem descurar a adequada sensibilidade dos adultos no sector, temos dificuldades incalculáveis na convivência social.

De maneira como está o comportamento em geral, até mesmo de responsáveis de alta categoria, a se prostituírem com mangas de dez como dizem, é só olhar. As vezes, concordo com a expressão de ALFRED MONTAPERT que diz: “As vezes, a nossa vida é colocada de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima”. Não são todos com um espírito de revolta, nem todos que conseguem lutar para o bem de todos, porque o medo continua a fazer parte da estrutura mental dos angolanos. Cria “sim” revolta, num país ou sociedade onde não oferece segurança. Já não basta a falta de água, luz, de saneamento básico, de escolas, de alimentação, de saúde etc. O problema do crime está a tomar proporções alarmantes. Tenho dito sempre que, quando uma sociedade não consegue garantir a segurança dos seus cidadãos de forma genérica, dá mostras de falência clara do Estado sim. O Estado angolano tem dado mostras de um certo desnorte. A transição política até aqui tem dado sinais de clara preocupação, pois estão em causa valores essenciais para a manutenção do próprio Estado.

Há a necessidade de as autoridades encontrarem formas de repor os níveis de confiança que neste momento não existem na sociedade, sob pena de entrarmos num clima de instabilidade social. 17 anos depois desde o alcance da paz em Angola, falar dos seus benefícios não é difícil, se olharmos para trás e fazermos uma retrospectiva do passado recente. Esta grande conquista nacional, custou a vida de muitos jovens angolanos, que na altura almejavam uma Angola próspera, livre de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste, com que todos sonhávamos na altura. Crianças e velhos, acreditavam e continuam a creditar na força da juventude angolana que sempre lutou para os mais nobres ideias do país.

Esta juventude como franja da população angolana que mais se evidencia no contexto da faixa etária, devem ser chamadas e não só, a trabalhar na manutenção da paz, reconciliação nacional, consolidação da democracia e na promoção de valores culturais e patrióticos. Hoje, o foco!

Continua a ser o trabalho, a formação académica e profissional, o espírito empreendedor, a defesa dos seus direitos aliada as acções que promovam o bem – estar comum, sem descartar as cores partidárias e crença religiosa. Mas preferem mesmo ficar no país em que estão, do que voltarem para as suas terras natal e vir passar o que sabem, mesmo os alunos com nacionalidades dos países africanos de língua oficial portuguesa reprovam 3 vezes mais no 1.º ciclo do que os alunos portugueses. No 2.º e 3.º ciclo e ensino secundário, a taxa de reprovação entre os afro-descendentes é o dobro da dos portugueses. Outro dado apresentado ao comité é sobre a disparidade na taxa de encarceramento, que é 15 vezes maior no grupo de africanos de países de língua portuguesa do que entre portugueses. Além disso, há dados sobre as dificuldades enfrentadas por negros e negras em conseguirem exercer profissões qualificadas e viverem em territórios segregados. A Saúde, Educação, Trabalho os afro-descendentes preferem se associar com os demais visitantes, para combater fora do país do que voltarem em seus país natais. Temos visto os partidos de oposição, a pedirem debates abertos, sem os fantasmas do passado, que proporcionam,  especialmente ao executivo, a oportunidade de corrigir alguns indicadores que são servidos regularmente, e que um qualquer olhar atento, permite perceber rapidamente serem indicadores fictícios, quanto à pobreza, à educação e ao ensino, aos níveis de desenvolvimento humano, quanto à inserção social ou à exclusão social, quanto à concretização ou não da realização dos pressupostos da reconciliação nacional; quanto à distribuição da renda ou à acumulação criminosa da mesma por meia dúzia de actores!

Na verdade é uma necessidade sim, de um olhar atento aos institutos e instituições que regulam e fiscalizam a existência do cumprimento de parâmetros que garantam o respeito à vida, o usufruto dos direitos fundamentais aos angolanos, o usufruto dos direitos sociais e económicos, de modo a permitirem que cada um viva com dignidade e como consequência participe e contribua para o desenvolvimento do país. Como também uma sociedade que transitou da guerra para a Paz, tem obrigatoriamente que apresentar conquistas e ganhos, não o medo que continua a fazer parte da estrutura mental dos angolanos. A crise económica e financeira em que o país está mergulhado, não é a razão. À mentalidade de compadrio e ao nepotismo, em acúmulo à discriminação derivada da partidarização crescente da função pública”; “há um agravamento preocupante da pobreza”; “aumenta assustadoramente, cada vez, mais pobres e os poucos que se apoderam das riquezas nacionais, muitas vezes adquiridas de forma desonesta e fraudulenta”; “ há falta de critérios no uso de fundos públicos, gastos exorbitantes, importação de coisas supérfluas que não aproveitam as populações”, “à insensibilidade à doença e à morte do próximo”.

De acordo o Deputado, Adalberto Costa Júnior, do Grupo Parlamentar da UNITA, diz que “os grandes instrumentos de acção estão nas mãos do Executivo do MPLA. Nós podemos ajudar se os senhores quiserem! No final mesmo: estes debates continuam sem transmissão para fora desta Assembleia. Os angolanos não têm qualquer benefício deste exercício. Estes debates são considerados de importância nacional! E é um absurdo. Os entraves estão em quem governa e tem o controlo dos órgãos de comunicação públicos. Tenham a coragem de abrir esta Assembleia ao país e de aproximar os deputados ao cidadão”.

É incrível a forma como as nossas instituições públicas burocratizam e dificultam a vida do pobre cidadão. Desde que assumiu o poder, em Setembro de 2017, o presidente João Lourenço tem sido coerente e consequente nos seus discursos contra a corrupção. Todavia, a prática tem demonstrado que o poder judicial é exercido com dois pesos e duas medidas, de acordo com critérios políticos, sobre os casos de corrupção que tem em mãos. Sem em primeiro lugar ou prioridade, as pessoas que correm sérios riscos devido aos níveis alarmantes da delinquência que o país ganhou proporções. E para terminar de acordo a frase do executivo “luta contra o trabalho infantil” vai a minha interrogação e a minha dúvida. Eu acho que, as leis do país foram escritas baseando nos países mais desenvolvidos, tem que ser. Não é possível acreditar sobre a LEI aprovada que proíbe o Trabalho Infantil e os Direitos das Crianças num país pobre e miserável como Angola.

Será que os nossos Deputados não viram e constataram os problemas da pobreza e miséria do país. Se eles próprios também foram as piores vitimas de violações?

Será que o governador da província de Luanda ao pedir hoje o reforço da luta contra o trabalho infantil, abandono familiar e violência aos menores, para a garantia de um crescimento digno das crianças. Onde andou nos últimos 43 anos Adriano Mendes de Carvalho? Onde andou, no mesmo período, o MPLA? De acordo a pergunta da folha.

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