O ESQUEMA DAS BATAS NO HOSPITAL AMÉRICO BOAVIDA

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Enquanto o combate à corrupção é travado ao nível dos discursos presidenciais e a constituição de um núcleo simbólico de arguidos pelo Ministério Público, nas instituições públicas os esquemas intermédios de corrupção parecem ter aumentado.

Como parte das suas investigações sobre o sector da saúde, desta vez o Maka Angola traz à tona os esquemas desviantes no Hospital Américo Boavida, a terceira maior unidade hospitalar do país. A falta de concurso público na aquisição de bens e serviços é uma prática de rotina no hospital.

A 12 de Fevereiro passado, a empresa Boju Lda. emitiu uma factura no valor de 31 milhões e 960 mil kwanzas para a venda de quatro mil batas hospitalares para médico(a)s e enfermeiro(a)s, ao custo de 7.990 por cada unidade. De acordo com a factura nº 03/18 (BOJU/002/EA/18RP), o Hospital Américo Boavida era obrigado a pagar antecipadamente 50 por cento do valor e o restante no acto de entrega das batas, no espaço de 15 dias.

Este portal obteve informações segundo as quais o hospital pagou a totalidade do valor a 26 de Fevereiro.

Já passaram seis meses e não há sinais de entrega das batas. Um médico da unidade, contactado por este portal, lamenta que não recebe uma bata do hospital há três anos.

Este não é o único contrato com a Boju. A 30 de Janeiro passado a empresa emitiu a factura nº 01/18 (BOJU/003/EA/18RP) para o fornecimento de quatro mil lençóis, no valor de 45 milhões e 540 mil kwanzas. O hospital pagou metade do valor, mediante recepção da factura, e a segunda parte em Fevereiro.

Só após a inquirição da Inspecção-Geral das Finanças, que tem estado a vistoriar as contas desde finais de Abril, a Boju viu-se obrigada a entregar os lençóis em Maio.

A Boju é uma empresa do casal Eurico Paulo Tavares de Sousa Araújo “Boneco” e Juliana Maria Borja Bastos de Sousa Araújo. Boneco é um antigo basquetebolista da selecção nacional, que jogou ao lado de José Agostinho Matamba, o actual director do hospital. Boneco foi vice-presidente da Federação Angolana de Basquetebol (FAB).

Com esse tipo de gestão, a directora administrativa, Maria António Sebastião Barbas Marcos, está mais ocupada em fazer turismo. O hospital pagou-lhe as férias a Cuba. O seu bilhete de passagem, que custou perto de 200 mil kwanzas, e foi pago a 4 de Maio, através da conta à ordem do Américo Boavida no Banco Sol.

Fonte: Maka Angola

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