NO CUNENE: JOVENS NÃO APROVAM O GRADUALISMO AUTÁRQUICO

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Decorreu no dia 13 e 14 o VI Conselho Superior da Juventude em Ondjiva, comuna do município do Kwanhama, concretamente na escola técnica de saúde do Ondjiva, Ekuma.

Texto de Jesus Domingos

Dentre vários ministérios representados, o ministro do Território, Administração e Reforma do Estado, Adão de Almeida, falou sobre as autarquias e sua implementação gradual prevista para iniciar em 2020.

Os jovens presentes foram unânimes em dizer que as autarquias devem ser implementadas em todo o território nacional. Mas, segundo João António, um dos participantes, “ficou claro que a missão do ministro é incutir na mente dos presentes que o gradualismo é a melhor opção”.

Ministro Adão de Almeida | Foto: RA

Adão de Almeida reiterou, face a posição da juventude, que “nenhum município foi ainda seleccionado pois que a informação que veicula nas redes sociais é falsa e esse trabalho é da Assembleia Nacional”.

Os jovens disseram que almejam pelas autarquias porque acreditam que vão dar sentido e vida às comunidades e colocar os munícipes a estarem presentes nas decisões do país, mas, ao mesmo tempo, têm a certeza de que a implementação em alguns municípios viola o artigo 24.º da CRA que prevê igualdade.

“Devíamos discutir o gradualismo com base à constituição que é o funcional e prontos, agora implementar as autarquias assim é uma arma que se pretende criar para matar os angolanos”, disse João Haifeni.

Para os jovens militantes do MPLA residentes na localidade e presentes no evento, disseram à nossa equipa de reportagem que, “se queremos ver o desenvolvimento, devíamos apostar no gradualismo territorial”. É o pensamento único do partido. Acusaram que “a oposição quer ver Angola sempre pobre” por não aceitar o gradualismo territorial.

Notou-se a ausência da juventude de partidos da oposição, pois o evento esteve preenchido com chefes das secções do ministério da Juventude e Desporto e directores provinciais, o que mostra que a inclusão como democracia ainda não se vive no Cunene quando se fala em “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”.

O consumo de drogas e bebidas alcoólicas também foram abordadas, momento em que os jovens lamentaram a falta de políticas para a juventude por parte do Executivo.

“O Estado não cria políticas para salvar estes jovens, ao contrário, o Executivo agradece quando bebem e drogam-se pois não são os filhos deles”, disse Herculano Hidinwa.

Sobre o empreendedorismo, frisou-se que “Angola é de todos nós e não de alguns mas notamos nepotismo na entrega de créditos ProJovem, e há quem recebe muitas vezes e não entrega, por isso alguns bancos faliram e as políticas de entrega são já de má-fé”.

O jovem Benvindo, residente local, garantiu ter beneficiado do crédito ProJovem e que já fez a devolução mas, reconheceu, a maior parte dos que já foram formados ainda aguardam pelo crédito.

A juventude apela ao Estado a criação de hospitais universitários, laboratórios, projectos que visam acabar com práticas negativas e que o combate à impunidade, nepotismo e corrupção devem começar no MPLA.

No final, a Radio Angola notou que ficou escrito como conclusão que a juventude do Cunene é a favor do gradualismo que o MPLA defende, o que constitui uma mentira, pois a maioria dos jovens presentes negou esse modelo de implementação das autarquias.

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