Militares com deficiências físicas sem salários em Cabinda

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Setenta deficientes físicos afectos às Forças Armadas Angolanas, na província de Cabinda, reclamam por 12 meses de salários em atrasos. Para sobreviverem ao longo destes meses, alguns foram colocados ao serviço de uma empresa de segurança privada alegadamente pertencente a dois generais, sendo um deles o comandante da unidade onde estão destacados.

Talvez em consequência da crise financeira, a empresa de segurança, denominada Lumafil, iniciou recentemente um processo de despedimento, no qual abrangeram muitos militares com deficiências físicas.

Sob anonimato, um dos militares contou à Rádio Angola o quanto têm sofrido devido o não pagamento dos salários há um ano.

“Eles anulam os diminuídos nas Forças Armadas e na própria empresa Lumafil. Estão aí a sofrer. Vivem mal, não têm onde viver, não têm como desenrascar”, lamentou pelos companheiros de armas.

As famílias destes militares se têm alimentado de arroz e feijão retirados diariamente da unidade. “Alguns convalescentes que para dar comida aos filhos e à mulher recebem arroz e feijão na unidade de manhã, vão deixar em casa, à tarde regressam para ir buscar o jantar”.

De forma organizada, os militares se dirigiram a vários órgãos do Estado para ver resolvida a situação. Começaram pelo comando da Frente Militar, depois pelo Serviço de Inteligência Militar, passaram pela Procuradoria Militar e chegaram ao tribunal provincial, tudo localmente. Nenhuma resposta positiva obtiveram. Por último foram ao governo provincial, chefiado por Aldina da Lomba Catembo, que também nada fez.

Passado algum tempo, uma delegação militar de Luanda foi à Cabinda para apenas informar os militares que serão desmobilizados e “sem direito a nada”. Na semana passada houve uma reunião na unidade onde foi dito que seriam pagos salários de apenas cinco meses a partir do mês em curso e, após a conclusão destes pagamentos, passariam a ser desmobilizados.

Sem saber o que mais fazer, o militar que falou à Rádio Angola disse: “É uma situação que como cidadão, como angolano, pensamos que vale a pena ligar para essa rádio”, adiantando ainda que “nas Forças Armadas só aprendemos a fazer guerra, e acontece uma situação dessas, não sei o que vamos fazer com a família”.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para [email protected]. A Rádio Angola – uma rádio sem fronteiras – é um dos projectos da Friends of Angola, onde as suas opiniões e sugestões são validas e respeitadas.

Radio Angola

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