Lunda-Norte: FAA e Polícia invadem cooperativa mineira “GAMANUEL” no município de Xa-Muteba

Compartilhe

Um grupo de tropas especiais das Forças Armadas Angolanas (FAA), vulgo Comandos, e da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) são acusados de ocupar e impedirem ilegalmente a exploração de diamantes na cooperativa mineira “GAMANUEL”, propriedade exclusiva do cidadão angolano Gaspar Manuel, 44 anos.

Rádio Angola

Constituída desde 2005 e licenciada pelo Estado angolano, através do Ministério dos Petroleiros e Recursos Minerais, a referida cooperativa funcionava legalmente, mas viu interrompida a sua produção, por altura da “Operação Transparência” desencadeada pelo Governo Angolano em 2019, sem explicações plausíveis, atirando para o desemprego 87 trabalhadores, maioritariamente jovens recrutados localmente.

Situada no Rio Luio, na aldeia de Cacombo, comuna de Kassanji Kalucala, município de Xa- Muteba, a cooperativa, que também inclui um segmento  agro- industrial, foi invadida por militares comandados por um brigadeiro conhecido por Ponta Negra, que, em vez do proprietário, passaram  eles a exploraram ilegalmente a zona, cujos rendimentos são repartidos com alguns generais bem identificados pela nossa fonte.

Esta situação já foi reportada às autoridades competentes da província da Lunda-Norte, mas não houve qualquer pronunciamento para se repor a legalidade, que passa por retirar os militares invasores e devolver à cooperativa ao seu proprietário, sendo que ele paga impostos ao Estado.

A nossa fonte, conhecedora deste dossier, disse que com a proibição de o proprietário continuar a explorar a sua cooperativa, os 87 trabalhadores estão a passar mal, ou seja, aumentou a pobreza e a miséria no seio das suas famílias, porque a GAMANUEL era a única empresa que lhes sustentava.

Com a paralisação dos trabalhos, cuja retoma continua a ser  ainda uma incógnita, porque os militares invasores continuam lá, além da pobreza na comunidade, pode propiciar os ex-trabalhadores a praticarem actos delituosos, para conseguir dinheiro para comprar comida e outros meios básicos para a sobrevivência com as suas famílias.

O mais grave é o facto de a maquinaria para a prospecção do cascalho, retro-escavadora e bulldozer se encontrar inoperantes, cuja inoperância pode provocar problemas técnicos nas duas peças adquiridas com muito sacrifício.

A fonte disse não compreender a razão de, até ao momento, a GAMANUEL continuar a ser impedida, quando outras cooperativas continuam a funcionar normalmente.

Perante esta situação, a comunidade local, sobretudo as autoridades tradicionais, pedem a intervenção do Presidente da República, João Lourenço, para mandar repor a legalidade, já que as autoridades da Lunda-Norte temem enfrentar os generais implicados no negócio, por um lado, por outro, há desconfiança que façam  parte deste negócio de invasões.

Em solidariedade com a GAMANUEL, os sobas, além de remeter uma carta ao Presidente da República, nos próximos dias, para intervir no assunto, prometem também ir ao encontro do Chefe de Estado quando for visitar a província de Malanje, brevemente, ainda este ano, para denunciar o comportamento de vários militares e policiais que exploram ilegalmente áreas mineiras, sob a capa de protegê-la, cuja situação remonta há vários anos.

Este portal tentou contactar o empresário Gaspar Manuel, dono da GAMANUEL, para mais detalhes, mas foi impossível, por indisponibilidade do seu número do telefone.

Radio Angola

Radio Angola aims to strengthen the capacity of civil society and promote nonviolent civic engagement in Angola and around the world. More at: http://www.friendsofangola.org

Leave a Reply