JOVENS DEBATEM AFROCENTRISMO E CIÊNCIA MODERNA NO GOLF II

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Teve lugar ontem, 28, no bairro Golf II, um debate denominado “Afrocentrismo e a ciência moderna”, em que contou como palestrante o activista cívico Mbanza Hanza a convite do projecto “Jovens a Crescer”, iniciativa que mensalmente leva à comunidade um especialista para abordar um assunto à sua escolha para uma “discussão aberta, livre e com contraditório”.

Texto de Simão Hossi

A iniciativa dos jovens estudantes universitários da comunidade surgiu em 2013 com a necessidade de fortalecer as ideias dos jovens da localidade e elevar a visão crítica sobre os assuntos que lhes são colocados no dia a dia, num espaço que tem acolhido jovens provenientes de outros bairros da cidade capital, isto é, consoante os interesses nas temáticas em debate.

Moradores do Golf II na sessão | DR

Para a edição do último final de semana, Hanza discorreu na sua dissertação sobre o contributo de três panafricanistas da história recente, nomeadamente, Malcom X, George James e Thomas Sankara, tendo sido dedicado um minutos de silêncio para os homenagear, “de forma com que os seus espíritos e acções da sua luta tenham o reflexo nos presentes na sala”.

O activista, que se mostra “triste pelo fracasso que o espírito de Assante não estar a se reflectir na vida dos africanos e seus líderes sobretudo”, pensa que é chegado o “momento de poder elevar a auto estima e o psicologia de grupo para resgatar o sistema a qual Sankara, James e Malcom X se bateram”.

Mbanza apegou-se à história para trazer os elementos de razão sobre o pensamento filosófico e antropológico, os pensamentos públicos da história grega e da civilização moderna, chamando atenção à originalidade dos pensadores gregos e os pensadores da filosofia moderna.

Muitos jovens da comunidade fizeram-se presentes em “busca do conhecimento” ao ouvir e aprender sobre a história de África, o continente considerado berço da humanidade, num debate que foi acalorado com a intervenção da plateia que quis indagar o palestrante sobre o tema e outros assuntos que preocupam os próprios africanos, tendo estes concordado de que “a resolução dos problemas políticos, sociais, económicos e culturais dos africanos estão nas mãos dos próprios cidadãos do continente”.

O debate ficou ainda mais acalorado com a presença do jovem Sérgio Conceição, um servidor público que atendeu a convocatória feita pela rede social Facebook. Conceição opôs-se em alguns momentos sobre as ideias do palestrante, tendo este achado que “o afrocentrismo era uma estupidez”, tendo justificado que “os maiores percursores destas teorias terem sidos educados ou seja ensinados pelo ocidente e que posteriormente se rebelaram”. Sérgio chegou mesmo a questionar a União Africana (UA), organização comunitária africana cujos “líderes nos seus países são corruptos e vão defender a corrupção na 30.ª cimeira anual em Addis Abeba”, aonde Angola também se faz presente. Destacou que os representantes à UA não têm capacidade de defender os seus concidadãos e se preocupam somente com o seu enriquecimento, deixando o povo a morrer de fome, de sede, sem habitação condigna e miséria extrema. Defendeu ainda que “o afrocentrismo devia ser a defesa dos africanos, dos seus verdadeiros interesses e do bem comum”.

No final das discussões, os jovens presentes concluíram que é preciso tomar dianteira para continuar com as discussões para a emancipação e conhecimento da história de Angola e para a história dos africanos.

A coordenação do projecto “Juventude a Crescer” já levou para aquela comunidade Paulo Gamba, Simão Bengui, Isidro Fortunato e outros jovens activos na sociedade. A organização perspectiva continuar a levar conhecimento ao seio da juventude local e não só. Alfredo Bumba e Peregrino, dois mentores do projecto, fizeram um balanço positivo da actividade e assumiram que vão continuar a elevar o conhecimento e consciência crítica sobre os assuntos que preocupam a vida social, política, económica e académica no seio da juventude do distrito do Kilamba Kiaxi, concretamente a localidade do Golf II, “apesar das muitas dificuldades para organizar cada edição e levar para o interior do bairro os palestrantes”.

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