HUÍLA: COMUNIDADE CATÓLICA BLOQUEIA VIA NOS GAMBOS

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A Comunidade Cristã de Santo António, localizada na região dos Gambos, província da Huíla, anunciou que vai bloquear a via de acesso à Fonte de Santo António com o propósito de impedir a entrada dos camiões das fazendas da Tunda dos Gambos. O conflito já é do conhecimento do presidente da República João Lourenço, desde Novembro de 2017.
Texto de Rádio Angola
No documento enviado à nossa redacção, a comunidade frisa que a “reivindicação pacífica visa protestar contra o Projecto de Transumância do Governo Provincial da Huila”, um projecto “que vai retirar, sem nosso consentimento, a água da Missão, tendendo beneficiar os fazendeiros da região, e de cuja exploração intensiva poderá, na falta de estudos de viabilidade, esgotar o lençol freático da Fonte de Santo António, a única de que depende a nossa existência, enquanto Comunidade da Missão”.
A decisão foi tomada, segundo a comunidade cristã, depois de esgotadas todas as vias de diálogo com o Governo Provincial. O Executivo local ignorou “todos os esforços e apelos” da comunidade.
“Como se não bastasse, representantes da Direcção Provincial de Energia e Águas, com explícito apoio de entidades da Administração Municipal dos Gambos, ao invés de negociar com a Comunidade de Santo António dos Gambos, afectada pelo problema, optaram por mobilizar comunidades de fora da Missão, com especial destaque para alguns líderes da área do Ngelenge, fazendo-lhes passar por donos da Fonte. Tais expedientes estão a criar crispações desnecessárias entre pessoas e comunidades com potenciais germens de conflitos interpessoais de efeitos duradoiras. Estamos todos lembrados de que a seca tem causado nesta região, conflitos violentos entre pastores junto às fontes de água”, lê-se no comunicado de imprensa.
No mesmo documento faz-se ainda um esclarecimento quanto a informação difundida pela rádio Huíla dando conta de que “a Missão de Santo António dos Gambos está a proibir que a água suba para a região dos pastos, o que leva os pastores a percorrerem mais de 30 quilómetros, sendo esta a razão principal da mortandade do gado bovino da região”.
“O Sr.Nangolo vive do outro lado do rio, na área do Ngelenge, e nada tem a ver com a Missão. Tem menos culpa de suas afirmações do que aqueles que, com fins desconhecidos o manipularam para manchar a Igreja Católica. E, de facto, antes da reivindicação que começou a 2 de Janeiro, todos os dias, os camiões dos fazendeiros sempre vinham, desde há muitos anos, buscar água da fonte de Santo António sem serem molestados”, destaca.
Também é falso, diz o documento, as informações de que a comunidade vandalizou os meios dos fazendeiros junto à Fonte de Santo António.
“Sempre agimos, estamos a agir e agiremos de forma ordeira, cívica e cristã. Encorajámo-los a virem recolher, em paz e sem receio o gerador, a tubagem e a bomba de água deles”, apela.
Estando disponível para encontrar uma solução, informam: “[…] que seja canalizada a partir de fontes alternativas, como por exemplo, a do Rio Caculuvar, do Mbwenthiti e do Nkhulwa e que tal acção beneficie as populações, desde o Lupembe até à fronteira com o Município da Kahama”.

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