Hospital Regional de Cafunfo acusado de depositar lixo hospitalar perto de residências da população

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A falta de saneamento básico na vila diamantífera de Cafunfo, município do Cuango, na província da Lunda-Norte está a preocupar cada vez mais a população local, que com o aproximar das chuvas, os habitantes temem pelo aumento de várias patologias como a cólera, malária, doenças diarreicas agudas e outras, cujas vítimas têm sido maioritariamente crianças.

Jordan Muacabinza | Cafunfo

Segundo apurou a nossa reportagem, no sector de Cafunfo não existe qualquer operadora para a recolha dos resíduos sólidos, facto que o lixo produzido é depositado em tudo quanto é canto, constituindo assim o “cartão de visita” da vila rica em diamantes.

Uma das preocupações manifestadas pelos munícipes de Cafunfo prende-se com a deposição do “lixo hospitalar” ao ar livre perto de residências da população, o que para os moradores constitui um “atentado à saúde pública”.

O sector de Cafunfo conta com um Hospital Regional, que atende seis municípios desta região do país, incluindo aldeias que fazem parte da província de Malange.

Os populares reclamam que, o “lixo que sai do hospital de Cafunfo não tem um lugar certo para devido tratamento”, facto que tem deixado “insatisfeito” os moradores.

“Os amontoados de lixo hospitalar têm sido um dos motivos que tem causado várias doenças nesta vila de Cafunfo, uma vez que se vê por todos os lados espalhado, o que em outras localidades, não acontece”, disse um dos moradores da periferia.

A fonte refere que, todas as manhãs testemunha um motoqueiro “kupapata” com baldes de lixo a “transitar de cima para baixo”, a procura por onde pode deitar os resíduos, uma situação que preocupa igualmente um dos funcionários de limpeza do referido hospital.

Sabe-se que tanto sector de Cafunfo assim como a sede do município do Cuango não tem uma máquina de destruição de lixo hospitalar, “como temos visto na vizinha província de Malange, entre outros centros de saúde de referência”, disse a fonte.

A população local apela à Direcção Provincial da Saúde bem como o próprio ministério de tutela (Ministério da Saúde) a resolverem tal situação, o que para os habitantes, passaria em providenciar o equipamento para tratamento adequado dos resíduos que são produzidos na unidade sanitária em causa.

De acordo com alguns enfermeiros contactados pela nossa reportagem e que preferiram falar em anonimato, o lixo hospitalar está classificado em: A, B, C, sendo a classe, de resíduos infetante, o da classe B composto por resíduos perigosos, mas não tão infectantes como os da classe A, referiram, acrescentando que a classe C é de resíduos comuns, que segundo os técnicos são da jardinagem e da cozinha.

“O lixo da classe A, são potenciais transmissores de várias doenças, pois vem propriamente de agentes biológicos, como sangue, secreções que são muito perigosos”, frisou outro enfermeiro, para quem as doenças que geralmente podem ser contraídas em contacto com o lixo de classe A, são o HIV-SIDA a tuberculose e hepatites.

Este portal testemunhou numa manhã, três funcionários de limpeza do hospital de Cafunfo, transportando em motorizadas vasos de cor vermelho contendo lixo hospitalar, que foi depositado ao relento nas imediações do cemitério que fica perto do aeroporto, no caminho onde os camponeses transitam para irem as suas lavras.

Outros locais públicos onde o lixo hospitalar é depositado pelos funcionários consta à parte traseira do referido hospital, nas ravinas, como exemplo, a que fica junto à casa do (Boss Kim), zona de 820 (Pone), na margem do rio Camabamba, nas ravinas do bairro Gika.

Como solução encontrada, os locais de lixo que têm servido de espaços de lazer para as crianças, que “inocentemente ignoram o perigo exposto”, os funcionários passaram a queimar o mesmo, provocando fumaças que de acordo os moradores, constituem outro “perigo à saúde humana”.

Entretanto, fonte da administração do sector de Cafunfo disse a este portal que o Executivo local “desconhece” a forma que a direcção do Hospital Regional trata do lixo hospitalar, bem como não tem o conhecimento de que os resíduos sólidos são depositados nas ravinas mais próximas das comunidades.

Sem entrar em detalhes, a fonte adiantou que a administração vai tratar do assunto no sentido de ser criado um aterro sanitário nos próximos tempos com vista a se evitar a propagação de doenças no seio dos populares.

Versão da direcção do hospital

Contacto pela Rádio Angola, o director do Hospital Regional de Cafunfo, José Makuta Iko, afirmou que existe uma empresa encarregue na recolher e tratamento do lixo produzido no hospital, tendo reconhecido a falta de aterro sanitário bem como de “inseminador” para o tratamento dos resíduos.

“Encontrei o hospital sem esse material, quanto ao lixo quem pode explicar de que maneira se tratam os resíduos do hospitalar é a referida empresa de limpeza”, disse o gestor que está no cargo há pouco mais de 90 dias.

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