Garimpeiro fractura braço após agressão de agentes de segurança “Kadyapemba” no município de Xá-Muteba

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Os habitantes do Cuango e Xá-Muteba, província da Lunda-Norte, dizem não entender a “impunidade prevalecente” naquela região do país, facto que, para eles, “contaria” os discursos oficiais do Presidente da República, João Lourenço, quanto ao combate à “corrupção e impunidade”.

Jordan Muacabinza | Cafunfo

Para a população do Cuango, Cafunfo e Xá-Muteba, estas regiões do leste do país “registam constantemente violações dos direitos humanos, com maior incidência para torturas e assassinatos de civis”, actos que supostamente têm sido cometidos por efectivos de defesa e segurança do Estado, bem como pelos agentes de segurança de empresas privadas que protegem as minas de diamantes.

As vítimas ou seus familiares sustentam os populares, “sempre apresentam queixas às autoridades policias e à Procuradoria-Geral da República (PGR)”, mas lamentam que “os seus autores nunca foram responsabilizados criminalmente devido aos níveis de impunidade que ainda grassam no leste do país”.

Entretanto, o Governador da Província da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, em entrevista concedida à Rádio Despertar, disse que “os casos isolados de assassinatos nas zonas de exploração de diamantes são de pessoas que tentaram violar às zonas proibidas”, situações, que de acordo com o governante, “serem bastantes comuns em qualquer parte do mundo”.

Ernesto Muangala manifestou-se “irritado” com as denúncias constantes na imprensa de “violação de direitos humanos apenas nos municípios onde se praticam exploração de diamantes”.

Director da empresa “Kadyapemba” oferece três mil kzs para tratamento do braço do garimpeiro fracturado por agente de segurança no Xá-Muteba

A mais recente acção que, para os habitantes do município de Xá-Muteba, enquadra-se na “violência recorrente” dos agentes “Kadyapemba”, empresa de segurança privada que protege a diamantífera “Sociedade Mineira do Cuango”, sucedeu com um cidadão, que segundo apurou este portal, é de nacionalidade congolesa (na foto), identificado por Akasalako Oliveira, de 35 anos.

A vítima contou que foi espancada ao ponto de ter fracturado o braço direito pelos agentes de segurança “Kadyapemba”, ao ser surpreendido (ele mais outros seus companheiros) numa zona habitual de exploração artesanal de diamantes.

“Todas as manhãs, os cidadãos dessa região rica em diamantes, têm estado preocupados com a vida do cotidiano, na sua maioria jovens desempregados, que a única solução de sobrevivência o trabalho de garimpo, pelo que muitos preferem arriscar a suas vidas”, disse um dos jovens garimpeiros.

O incidente aconteceu às 6h00 do dia 23 de Junho do corrente ano, quando um grupo de sete jovens garimpeiros, dizem ter caído numa “cilada” de oito efectivos de segurança “Kadyapemba”, pertencente ao posto “Lima-5 Antena”, na zona de “Katutumuna”.

De acordo com a vítima, antes de o grupo ter entrado na área em que estava reservado para o trabalho de garimpo, solicitaram os agentes em serviço tendo pagado o valor de 90 mil kwanzas, para um período de 30 dias de exploração artesanal.

Contou que, cinco dias depois de trabalho e sem o grupo ter conseguido nenhuma pedra de diamante, os jovens garimpeiros foram surpreendidos a lavar o cascalho pelos seguranças da empresa “Kadyapemba”, coordenados pelo senhor Rufino, também conhecido por “Nambwacheca”.

“Logo, o chefe da operação, Nambwacheca bateu-me com cabo de pá no braço direito tendo fracturado o mesmo e mesmo aos gritos, o segurança ainda assim puxou o braço partido, abandonando-me nas matas, uma vez que os outros colegas já tinham fugido do local”, contou.

Disse que, depois incidente, deslocou até à Esquadra da Polícia do bairro “Ngonga Ngola”, onde apresentou uma queixa-crime contra o agente de segurança “Kadyapemba. Na Esquadra Policial, segundo o cidadão, foi atendido por um agente da corporação que atende pelo nome de Ambrósio, que na ocasião mandou chamar o director da segurança da empresa “Kadyapemba”.

A polícia refere ainda à vítima, chamou igualmente na Esquadra o suspeito pela a agressão, que “mesmo admitindo ter cometido o acto, não lhe aconteceu”, tendo o director da referida empresa, identificado apenas por Óscar, que deu “simplesmente três mil kwanzas” ao agredido alegando que, o “caso era muito leve”.

“Eles não me deram tempo para explicar tudo o que aconteceu no local, não fiquei satisfeito com os três mil kwanzas que me deram, uma vez que não chegam para o transporte e nem para o tratamento do braço fracturado”, lamentou.

À este portal, Akasalako Oliveira disse por outro lado que, por falta de condições financeiras “está com o braço quebrado em casa” e como solução “tive que contactar um kimbandeiro que faz tratamento caseiro”, mas também, lamentou “não consegue dar sequência com a medicação por falta de dinheiro, já que o kimbandeiro cobrou 300 USD”.

Pai de dois filhos de tenra idade, Akasalako Oliveira, 35 anos, lamentou ainda que, em plena pandemia da COVID-19 “não sabe como sustentar a família com o braço partido, uma vez que a esposa não trabalha”.

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