FALTA DE SALÁRIO PROVOCA FOME E MORTE DE FAMILIARES DOS TRABALHADORES DA SODMAT

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A falta de salários há cinco anos está provocar fome e mortes, entre outros problemas sociais, aos familiares dos trabalhadores da Sociedade de Desenvolvimento da Matala (SODMAT), empresa gestora do perímetro irrigado e das infraestruturas de produção da região.

Texto de Jesus Domingos

Os trabalhadores denunciaram à Rádio Angola que, para além das mortes dos seus colegas registadas por doença e fome associadas à falta de condições sociais, muitas crianças estão fora do sistema normal de ensino em consequência da desestruturação das famílias.

João António Malamba, técnico de campo, disse que os 95 trabalhadores controlados pela sociedade congregam cerca de 470 famílias, com 112 crianças em idade escolar, sendo que cinquenta por cento estão fora do sistema normal de ensino por falta de condições financeiras.

Segundo diz, a situação é preocupante e carece de uma intervenção rápida dos ministérios da Agricultura e das Finanças porque durante o período registou-se a morte de sete trabalhadores alegadamente por doença e outros de fome por falta de dinheiro para aquisição de medicamentos nas farmácias e produtos alimentares.

João António Malamba fez saber ainda que neste momento 14 trabalhadores estão adoentados e sem uma assistência médica adequada porque fizeram consultas nas unidades sanitárias locais, mas os médicos deram apenas receitas para adquirir medicamentos nas farmácias.

Julieta Maria é viúva e disse que trabalha no sector administrativo da sociedade e tem cinco filhos em idades escolar e não estudam por falta de condições sociais e financeiras para aquisição de materiais escolares, para além de passarem fome.

Mário Cambassi disse que os trabalhadores contraíram dívidas numa loja que fazia crédito de produtos alimentares aos trabalhadores da SODMAT para sustentar as famílias enquanto se esperava os salários, mas por falta de pagamento das dívidas o estabelecimento comercial foi à falência.

O assistente técnico de campo Joaquim Francisco, preocupado com a situação de falta de salários há cinco anos, acusa a Sociedade de Gestão dos Perímetro Irrigados (SOPIR) que trabalham junto ao ministério da Agricultura, de má gestão porque, diz, o ministério das Finanças já disponibilizou dinheiro para liquidar a dívida para com os trabalhadores.

Por seu lado, o administrador para a área técnica da SODMAT, Zname Silva, disse que a divida para com os trabalhadores atingiu em kwanzas mais de 405 milhões. Adiantou que “estes salários não foram pagos atempadamente aos trabalhadores devido a uma crise existente na SOPIR, de quem a SODMAT depende. O responsável confirmou ainda ter conhecimento que as famílias dos trabalhadores estão a passar fome, entre outros problemas, mas que a situação é igualmente do conhecimento dos ministérios da Agricultura e Florestas e das Finanças, órgãos competentes para dar solução ao problema.

Fez saber que é uma situação difícil, sendo que em 2012 a empresa controlava 136 trabalhadores mas agora são 95, e deste número que ficou o nível de absentismo é maior e às vezes não tem forma de manter permanente a sua actividade ao ponto de ter de arranjar outras formas de subsistência.

O perímetro irrigado da Matala é o maior do país. Dispõe de um canal de 43 quilómetros de extensão, que irriga 11 mil hectares. O município da Matala dista a 180 quilómetros a Leste do Lubango, sede da província da Huíla.

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