Está detido empresário que denunciou corrupção e abusos de poder na PGR

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Na sexta-feira, 10 de Abril, agentes do SIC (Serviço de Investigação Criminal) procederam à detenção de Francisco Yoba Capita, o empresário que em 2018 denunciou intrépida e publicamente o caso dos contentores de dinheiro da UGP (Unidade da Guarda Presidencial). O caso foi várias referenciado em diversos artigos de investigação que publiquei em diversos meios de comunicação social e nas redes sociais.

Por: Nuno Álvaro Dala

Francisco Yoba Capita foi detido por volta das 15h00 de sexta-feira, 10 de Abril, na sua residência. A detenção foi feita no quadro do Processo 1540/18, aberto contra o empresário, na sequência da denúncia pública que fizera.

A equipa de advogados não foi notificada. Francisco Yoba Capita foi levado ao edifício da Polícia Económica, localizado no Kinaxixe. Daí foi levado ao SIC central, localizado nas instalações da 29ª Esquadra da Polícia Nacional, no Bairro Neves Bendinha, Kilamba Kiaxi. Lá, o cidadão passou mal e foi levado ao Hospital Prisão São Paulo (HPSP), localizado no Distrito Urbano do Rangel, ao lado do Complexo Desportivo da Cidadela.

Foi recebido por uma equipa de enfermeiras que, depois de lhe terem feito as diligências de emergência habituais, informaram aos agentes do SIC que Francisco Yoba Capita, que é diabético e hipertenso, apresentava um quadro que remetia para internamento na instituição, ainda que por apenas uma noite.

Entretanto, por ordens superiores, os agentes ignoraram totalmente a observação da equipa de enfermagem e levaram o detido de volta à 29ª Esquadra da Polícia Nacional, onde foi colocado numa cela descrita por uma fonte como «como desprovida de condições» condignas.

A detenção de Francisco Yoba Capita constitui o cumprimento de mais um objectivo da quadrilha que controla a Procuradoria-Geral da República, que nos últimos 2 anos, isto é, desde 2018, tem infernizado literalmente a vida do empresário que, seguindo a sua consciência e acreditando nas promessas de reforma e combate à corrupção do Presidente João Lourenço, denunciou o esquema de desvio de centenas de milhões de kwanzas ocorrido na UGP.

A referida quadrilha tem em Beato Manuel Paulo o rosto mais visível. Este sinistro magistrado do Ministério Público, actualmente colocado junto da Câmara Criminal do Tribunal Supremo, possui um registo de contravenções dignas de um gânguester.

Vários dos seus crimes foram investigados e denunciados por mim e outros autores, bem como publicados em diversos meios. Beato Manuel Paulo é igualmente o testa-de-ferro do Procurador-Geral da República, Hélder Fernando Pitta-Groz, o qual, tipicamente, nunca fez nada para travar a sanha persecutória, locupletadora, corrupta e até assassina da quadrilha em referência, porquanto, Hélder Fernando Pitta-Groz foi informado de forma regular dos passos dados para a detenção e condução de Francisco Yoba Capita aos calabouços do SIC.

Em Fevereiro do ano em curso, num artigo de investigação publicado em diversos meios, denunciei o plano macabro de um desdobramento da referida quadrilha, a qual, sob os auspícios de Beato Manuel Paulo e do coronel Tchiwana, concebeu o plano que visava assassinar Francisco Yoba Capita com recurso à seguinte estratégia: um processo-crime seria inventado, (ou, então, simplesmente) o cidadão seria detido. Uma vez internado num estabelecimento prisional, teria a companhia de um assassino (pago com a quantia de 15 000 000 00 de kwanzas) disfarçado em recluso, que o mataria por envenenamento. O plano falhou.

Na conjuntura do Estado de Emergência, num feriado (Páscoa) e prenúncio de final-de-semana, agentes do SIC detiveram Francisco Yoba Capita, que, antes da detenção já sofria de uma medida de coacção, traduzida no impedimento de sair do País, situação que lhe tem causado diversos constrangimentos, com realce especial à sua saúde, porquanto, enquanto diabético e hipertenso, deixou de beneficiar dos serviços de saúde de especialidade aos quais recorria regularmente no estrangeiro, que não estão disponíveis em Angola.

A quadrilha dispõe agora de Francisco Yoba Capita, a quem dará o destino que já denunciei antes: a morte.

No momento em que escrevo este texto, é desconhecido o paradeiro real do cidadão em causa.

Se os processos fabricados contra o cidadão já são graves, sendo igualmente graves as tentativas de invasão domiciliar, de rapto, de plantação de droga na sua residência e de ameaças de morte contra o empresário e sua família, o caso assume contornos macabros pelo facto de o Presidente da República, sim, o chefe de Estado e do Governo, estar informado da trama, e a quadrilha estar a agir ao seu bel-prazer, como se tivesse poderes maiores que o Presidente da República ou este fosse seu refém.

O Presidente da República conhece pessoalmente Francisco Yoba Capita e seguramente está informado do conjunto de injustiças de que o cidadão e sua família têm sido alvos desde que fez a denúncia do desvio dos contentores de dinheiro.

Enquanto Hélder Fernando Pitta-Groz, Beato Manuel Paulo e outras figuras continuarem nas rédeas da Procuradoria-Geral da República, esta instituição não será de forma alguma credível. Todo o combate contra a corrupção e outros males não passa de mentira nacional.

 

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