“É NA TPA ONDE O IDIOTA FOI CONVERTIDO EM GÉNIO E DOUTOR”

Compartilhe
Dito Dali | Activista Cívico

Faz tempo que venho rejeitando convites da TPA a solicitar entrevistas e reportagens sobre assuntos ligados a factos e fenómenos políticos, sociais e a nível das liberdades e direitos humanos. Por seguintes razões:

1 – A TPA às vezes não tem sido séria e honesta no exercício das funções de informar ao público com verdade dos factos, isenção, responsabilidade e rigor profissional.

2 – A TPA tem sido acusada de manipular informações e promover censura para favorecer agenda política do regime e tirar vantagens políticas para o chefe do governo e de toda malta que faz jornalismo da barriga.

3 – Normalmente não gosto ceder entrevistas gravadas para evitar censuras e manipulação das minhas declarações por parte dos verdadeiros malfeitores espalhados dentro da TPA e no sistema todo.

4 – A TPA é e foi a perfeita e sofisticada máquina que contribuiu no fortalecimento da ditadura no meu (nosso) país. Também é na TPA onde o idiota foi convertido em génio e doutor. O génio transformado num mero e perfeito idiota por não ter alinhado à classe vulgar, da opressão, da roubalheira e assassina.

5 – A TPA ainda não veio ao público pedir desculpas por ter agido de forma suja e vergonhosa aquando da nossa prisão política. Foi um péssimo trabalho que prestou a Nação angolana. Estamos todos recordados do que fizeram connosco. Fomos diabolizados, distratados e sentenciados antes mesmo de termos sidos presentes a um juiz no tribunal. Tudo em defesa de um decrépito ditador (JES) e sua família que estragaram este país. Diante desta aberrante situação, que moral eu teria para aceitar ir falar ou analisar assuntos ou factos sociais e políticos do nosso país? Já pediram as devidas desculpas a população deste país? Irei aceitar um dia quando a TPA humildemente vir se desculpar.

6- Estou certo de que o grande sonho da TPA é de ter num dos seus programas um dos integrantes do caso 15+2! Sim, é mesmo isso. Sabem o porquê? Porque o regime precisa limpar a sua degradada e amarrotada imagem perante a comunidade internacional e local com a ideia de que em Angola as coisas estão verdadeiramente mudadas. Então a presença de um cidadão que esteve arrolado no processo dos 15+2 será fundamental para legitimar a falsa liberdade de imprensa e de expressão em Angola. Para mais tarde retornar às velhas práticas violentas e assassinas.

A verdade é que as ditaduras não mudam, elas têm a grande capacidade de criar estratégias de se adaptar ao contexto com o propósito de impressionar e enganar a maioria de que estão a mudar. Tudo isso não passa de treta e charme político. Em função de tudo isso, não me deixo enganar e levar-me pela porquice-política.

Sabemos que este regime para além de ser malandro e manhoso é extremamente orgulhoso, jamais terá a TPA coragem de vir dirigir-se ao público para pedir desculpas. Então não sou a pessoa certa para legitimar mentiras e ilusões da mídia estatal.

Portanto, desta vez decidi não aceitar novamente ser entrevistado e participar de uma reportagem relativa ao “novo” ambiente (ou não) do respeito das liberdades dos cidadãos e exercício da cidadania e sobre a política do Executivo virada para a juventude. Sim, neguei.

É verdade que não devemos nos manter amarrados ao passado, devemos é mudar de mentalidades para todos juntos ajudarmos o país a sair desta malfeitoria em que foi inundado pelo actual chefe do partido no poder e seu insano Executivo. Só que as coisas não funcionam assim, primeiro destrata e desrespeita para depois vir aqui dizer que nos querem? Aqui não é na casa da mãe joana ou no “política no feminino” onde se humilha e desrespeita-se as nossas heroínas, mesmo assim no dia seguintes são chamadas e arrumam as suas pastas para ir comentar. Aqui não. Somos diferentes. “Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem” também passa por moralizar e desculpar-se com todos aqueles que foram e continuam a ser vítimas deste regime. Espero sinceramente que um dia venha pedir desculpas ao público pelo que fez. Caso não, a minha resposta sempre será não, obrigado.

Posso estar errado, mas é a minha posição e condição. É preciso que os cidadãos saibam se respeitar por que a dignidade é muito cara.

Não poderei publicar nada sobre o teor das conversas e mensagens que tenho trocado com o pessoal da TPA por razões da ética e boa conduta. Salvo por uma outra razão.

Att: os meus companheiros de luta são livres de aceitar ou não, mas por enquanto eu não alinho antes que a TPA peça desculpas e mudar a forma de fazer jornalismo. Até hoje nunca deu-nos espaço para apresentarmos a nossa versão dos factos e direito de defesa. Redimir-se com máxima urgência e seguir os tempos da evolução jornalística.

Bem haja. O vosso Katchokwé

Leave a Reply