Doença “estranha” mata dezena de crianças por dia na região de Cafunfo na Lunda-Norte

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Uma doença não identificada pelas autoridades sanitárias da província da Lunda-Norte, está a matar mais de dez crianças, no sector de Cafunfo, município do Cuango, cujos sintomas são febre alta e falta de sangue, denunciam fontes médicas.

Fonte: O Decreto /RA

A doença “estranha” está a preocupar os serviços de saúde da localidade, que segundo apurou este portal, os médicos e enfermeiros “não encontram soluções urgentes para travar a onda de mortes de menores de idade”, pelo que apelam por uma intervenção “urgente” do Ministério da Saúde.

“Infelizmente continuam a morrer várias crianças, porquanto há dias em que o número chega aos dez por dia e muitas outras estão internadas com gravidade, apesar de algumas estarem a recuperar, mas a situação é mesmo preocupante”, disse um dos progenitores, que se encontra no Hospital Regional de Cafunfo, espera pela recuperação do seu filho de 7 anos.

A população lamentou que, todos os anos a vila diamantífera de Cafunfo, no município do Cuango tem sido assolada “por várias doenças estranhas, em que há sempre registo de mortes sucessivas de menores, com as idades compreendidas entre os zeros aos 14 anos”.

Segundo contam, os meses de Agosto, Setembro, Outubro e Dezembro de todos os anos, têm sido o período “mais triste dos habitantes de Cafunfo”, cuja malária, vômitos e doenças diarreicas agudas, constituem igualmente preocupação dos populares.

O Hospital Regional de Cafunfo, único de referência tem registado enchentes no banco de urgência e consultas externas, situação que se tem agravado com o surgimento da “doença estranha”, afectando crianças.

O banco de urgência do HRC atende nos últimos dias 40 a 60 pacientes diariamente e a área de internamento coloca numa mesma três a quatro crianças, facto que preocupa cada vez mais os pais e encarregados, pois receiam que possam contrair outras doenças contagiosas.

Os pais das crianças vítimas denunciaram que os doentes chegam a morrer num espaço de 24h ou 72h, apresentam febres altas e falta de sangue, avançando mesmo que muitas destas crianças morreram logo na fila, antes mesmo de serem atendidas.

Salvador Nestor, pai de uma das crianças que morreram nesta semana em consequência da “doença estranha”, lamentou a perda do menino de nove meses de vida e apela à “sensibilidade dos órgãos competentes com vista a travar as mortes”.

Activista cívico acusa autoridades locais de ocultar a realidade

E, o activista dos direitos humanos, Jordan Muacabinza, que lamenta o facto, solicita a intervenção do Governo Central, em Luanda e acusa que “a estranha doença” que assola a localidade desde os meses de Agosto e Setembro, está a ser ocultada pelas autoridades administrativas locais.

Para Jordan Muacabinza, por causa da situação que considera endémica, muitos trabalhadores eventuais do Hospital Regional de Cafunfo que se encontram há mais de 30 meses sem os respectivos subsídios, sofrem ameaças de despedimentos como forma de impedir as denúncias públicas da alegada realidade que se verifica no hospital.

O Decreto tentou sem sucesso ouvir a versão do Governo da Província da Lunda-Norte.

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