CHIVUKUVUKU DEVE CONTINUAR EM SILÊNCIO «PARA O BEM DA CASA»

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Numa altura em que a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE) vive uma situação complicada, analistas políticos defendem que o líder da organização, Abel Chivukuvuku, deve continuar a manter-se em silêncio sobre questões relacionadas com a saída incessante de militantes independentes até à realização de uma reunião magna, no sentido de não radicalizar a crise.

Em entrevista ao Novo Jornal, o analista político Augusto Báfua Báfua considerou positiva a escolha feita pelo líder da CASA-CE, referindo que o silêncio adoptado, até ao momento, é a decisão “mais correcta” numa altura em que os pronunciamentos para procurar entender as razões da saída dos independentes “não vão ajudar em nada”, o que pode aumentar ainda mais as divergências entre os membros.

“O facto de Abel Chivukuvuku estar em silêncio não quer dizer que está sem saída. Antes pelo contrário, está a avaliar os acontecimentos para depois tomar posição”, disse.

O mesmo admite ainda que a saída dos independentes é uma situação que preocupa a CASA-CE pelo facto de se tratar de quadros que têm uma certa visibilidade na vida política angolana. “É uma pena ver estes cidadãos saírem da CASA-CE. A partir deste momento, a coligação vai ter que fazer mais com os restantes membros, ou seja, ser cada vez mais eficiente”, explicou.

Por outro lado, o director do Centro de Estudos Académicos, Agostinho Sikato, defende igualmente que “o melhor que a CASA-CE deve fazer neste momento, para o seu bem-estar, é não responder a determinados actos que derivam dessa crise”.

Há também que se ter em conta, adiantou, o acórdão n.º 497/2018 do Tribunal Constitucional, que reverteu a situação interna e passou o poder para os presidentes dos partidos coligados, remetendo o líder para uma posição de mero coordenador daquilo que são as vontades do colégio presidencial.

“É a primeira vez que os presidentes dos partidos coligados têm o poder real e muito desses poderes divergem daquilo que Abel Chivukuvuku pensa dentro da coligação. O acórdão belisca de alguma forma a posição de Chivukuvuku, pois fica sem poder para as verdadeiras decisões e, por conseguinte, isso reflecte-se muito na sua permanência”, salientou, reafirmando que “o líder da CASA-CE é o elo mais visível da organização e, se abandona, a mesma poderá conhecer o seu fim”.

O especialista em assuntos políticos acrescenta ainda que os partidos coligados “não são muito conhecidos no panorama político e, por este motivo, precisam de indivíduos como o seu actual líder para se manterem na luta pela alternância de governação”.

EMPOSSAMENTO: «A coligação ainda conta com os independentes nas suas estruturas»

Dezoito militantes da Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), dos quais três são independentes, vão assumir nesta sexta-feira, 15, funções de secretários executivos provinciais.

Em declarações ao Novo Jornal, a porta-voz da coligação, Cesinanda Xavier, disse que os três independentes serão reconduzidos para secretários executivos provinciais do Namibe, da Lunda-Sul e de Cabinda. “A CASA-CE ainda conta com os independentes nas suas estruturas. A recondução dos independentes vem ainda mais demonstrar que efectivamente a coligação pretende trabalhar com todos no sentido de harmonizar a situação por que passamos internamente”, disse Cesinanda Xavier.

Independentes: Encontro decisivo vai definir futuro

O secretário para a Organização e Mobilização da CASA-CE, Américo Chivukuvuku, referiu que os restantes membros independentes vão, nos próximos dias, realizar a primeira reunião magna com o líder da coligação, Abel Chivukuvuku, para analisar o contexto actual e decidir o papel dos mesmos no quadro da presente configuração.

“A reunião servirá para fazer uma análise actual da CASA-CE, resultante do acórdão do Tribunal Constitucional e, consequentemente, o papel que os independentes deverão desempenhar num futuro próximo”, disse o secretário.

Américo Chivukuvuku acrescentou ainda que a situação se tornou “complexa” após o acórdão do Tribunal Constitucional, pois “antes do acórdão a coligação tinha uma outra dinâmica e, agora, depois do mesmo [acórdão] ficou longe daquilo que se pensou no início da sua formação”.

“A CASA, depois do acórdão do tribunal, mudou completamente de figurino e os estatutos que a coligação conduziu deixaram de funcionar. Os órgãos de direcção que existiam deixaram de ter legitimidade. Hoje, já não há mais conselho presidencial nem conselho deliberativo. E tudo isso foi constituído actualmente para a criação do colégio presidencial”, explicou.

Por último, a deputada e porta-voz da CASA-CE, Cesinanda Xavier, minimizou a saída dos militantes independentes, referindo que “todos os cidadãos têm direito a escolhas e, portanto, quem entra para a coligação é livre de sair quando entender que os ideais políticos já não satisfazem mais os seus interesses”.

Saliente-se que o abandono dos independentes acontece num momento em que decorre o processo de “refundação” para se recuperar a dinâmica funcional da CASA-CE à luz do novo contexto político, no qual os militantes dos partidos coligados estão a ocupar funções nas diferentes estruturas da coligação eleitoral.

Fonte: Novo Jornal | António Gaspar

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