Caso Sílvio Dala: Médicos e membros da sociedade civil exigem justiça

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Centenas de médicos, políticos e membros da sociedade civil marcharam este sábado, em Luanda, para repudiar a morte do médico angolano Sílvio Dala que morreu no dia 1 Setembro, numa das esquadras policiais em Luanda.

Com a palavra de ordem “Eu sou Sílvio Dala”, dezenas de cidadãos entre médicos, políticos, professores e membros da sociedade civil, marcharam da Mutamba, baixa de Luanda, a sede da Ordem dos Médicos de Angola.

“Eu exijo justiça, eu sou Dr. Dala” são algumas frases que podiam ser lidas nos cartazes exibidos durante a manifestação pacifica que registou alguns momentos de pausa para aplausos e silêncio.

Em declarações à DW Africa, Antónia João, médica angolana disse que participou da marcha porque sentiu-se chocada pela forma como o “colega, Dr. Silvo Dala morreu”.

“A causa da morte que foi avançada pela polícia não é a real. Quem é médico e estudou medicina sabe que aquela não é a causa que matou o Sílvio. Digo isso porque somos médicos”, revelou quase ao meio da marcha, o presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, Adriano Manuel.

A marcha dos médicos, iniciada no Largo da Mutamba, a qual se juntou um grupo de jovens, políticos, activistas cívicos e membros da sociedade civil, terminou em frente à Ordem dos Médicos de Angola, onde foram depositadas as batas como forma de protesto face à morte de Sílvio Dala.

Apesar de os médicos terem marchado em silêncio, houve algumas dezenas de cidadãos que entoavam cânticos como “polícia é do povo, não é do MPLA e mostra quem matou Sílvio Dala, está aí, está aí” indicando alguns agentes que garantiam a segurança da manifestação.

Adão Ramos é um activista angolano que não escondeu a sua revolta pela morte de Sílvio Dala e de outras mortes protagonizadas pela polícia.

Polícia contra civil

“Estou a participar desta marcha para me solidarizar com a família do Dr. Dala que foi morto, não há voltas a dar, pela acção brutal, anticívica, anticivilizacional da polícia nacional. Também quero protestar contra a força desproporcional, desnecessária e absurda da polícia que investe sem piedade, sem profissionalismo nenhum contra cidadãos desarmados, cidadãos que não representam ameaças absolutamente nenhumas”.

Com uma afluência de perto de 300 médicos, trajados de preto e com dizeres nas camisolas como “Exigimos Justiça; Os médicos Exigem Dignidade e Respeito; Não nos Matem, o Povo Precisa de Nós”, ou envergando batas brancas com manchas vermelhas a imitar sangue, a marcha decorreu sem incidentes e sob protecção de dezenas de polícias.

Muitos questionam o silêncio do Presidente da república, João Lourenço que não se pronunciou até ao momento sobre a morte do médico Silvério Dala e de outras mortes protagonizadas por agentes da polícia angolana. Adão Ramos, junta-se ao coro de críticas.

“Já devia ter-se pronunciado. Mas o Presidente da república fez precisamente o contrário. Poucas horas depois da morte do Dr. Sílvio Dala, o Presidente posta nas redes sociais uma publicação a elogiar o live de um show que homenageava o kudurista, Se Bem. Porque não se pronunciou sobre as mortes de cidadãos”, questiona.

Demissão do ministro do Interior

Durante a marcha muitos cidadãos que quebravam o silêncio exigiam a auto demissão do atual ministro do Interior Eugénio Laborinho.

“Estamos aqui a pedir também que, se o Laborinho é uma pessoa honesta que se demita urgentemente. E se ele não quiser demitir-se, então, que seja exonerado pelo Presidente da República”, disse à DW África Agostinho Epalanga António.

A Marcha terminou na sede da Ordem dos Médicos de Angola onde o presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, Adriano Manuel fez um pequeno discurso.

“Devo dizer, que a nossa luta não termina aqui colegas. Nós precisamos saber quais são as verdadeiras causas que levaram a morte do Dr. Sílvio Dala”, disse não descartando a possibilidade de levar o caso as barras do tribunal.

Também centradas na violência policial registada nos últimos dias em Angola, foram realizadas outras manifestações de jovens, em Luanda, a qual aderiram dezenas de pessoas, todas pedindo reformas na Polícia e pedagogia em detrimento de violência.

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