CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA A.N. FERNANDO DA PIEDADE DIAS DOS SANTOS

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AO

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL

EXC. FERNADO DA PIEDADE. DIAS SANTOS

=LUANDA=

 

Assuntos: Posição dos Activistas em relação aos seus inconsequentes pronunciamentos.

 

Exc. Presidente da Assembleia Nacional;

Escrevemos-lhes pelo direito que nos consagra a Constituição da República de Angola no seu artigo 73º.

Caro Presidente,

É verdade que «os pratos, quando vazios, fazem muito barulho».

No dia 11 de Agosto do corrente ano, os membros da Coordenação da manifestação do dia 21 de Julho de 2018 – que visava protestar contra o índice elevado de desemprego, bem como dos problemas sociais à ela associados –, em particular, e os angolanos de uma maneira geral, ouviram, com bastante preocupação, através dos distintos meios de Comunicação Social do País, de (um) dado estatístico por si tornado público, onde, para além da contradição dos números apresentados – da qual iremos nos pronunciar mais abaixo – constava igualmente a declaração, de acordo com a percentagem maior, de que «67% (Zimbo) dos jovens não procuram emprego».

Exc., Senhor Presidente,

Reconhecemos que a resposta que o Presidente dá às manifestações, ocorridas em seis (6) das dezoito (18) províncias do País, não é verdadeira e nem carrega consigo nada de novo, se tivemos em conta que ela – a resposta – reflecte a cultura estratégica daqueles que sempre estiveram no poder de 1975 aos dias de hoje, com responsabilidades acrescidas no abandono e atraso a que estão voltados milhares de angolanos, não apenas da parte de nós os jovens, como da maioria dos angolanos. Reflecte, por outro lado, a (falta de) qualidade na liderança no País. A qualidade da liderança a que nos referimos, só para pontualizar, é essencial na gestão ética, eficaz, na distribuição dos recursos do Estado, na promoção e fortalecimento dos sectores sociais, no desenvolvimento de um sector privado que produza riquezas e crie empregos. O Senhor talvez não tenha consciência disso! No entanto, da nossa parte, consideramos que tais pronunciamentos só vêem reforçar o milenar adágio africano de que «os pratos, quando vazios, fazem muito barulho» ou, na expressão de Martin Luther King, «tambor vazio faz muito barulho» ou ainda a dimensão imaterial da pobreza. Hoje, existem seres humanos tão pobres que até a própria alma seriam capazes de vendê-la, a um tão baixo preço.

Ora bem, Senhor ‘Nandó’, permita-nos a informalidade, qualquer angolano minimamente sério, consciente da realidade socioeconómica do País em que vivemos, conhece as enchentes que se registam sempre que se verificam quaisquer anúncios de emprego, mesmo que se trate apenas de uma vaga. Isso por quê? Porque, diferentemente de muitos dos nossos governantes, a geração angolana mais jovem – e não só –, assolada pelo problema do desemprego aspira a uma melhoria das condições de vida bem como melhores perspectivas governativas para o futuro, mediante um trabalho honesto e dignamente remunerado. Do mesmo modo, temos consciência de que, para muitos, «mentir é como respirar’, fazem-no com maior facilidade e naturalidade possível, mas, permita-nos a honestidade – valor cada vez mais raro no País –, consistência e coerência não foram encontrados nesta tal mentira e insulto por si proferido.

Excelências,

A falta de emprego não é culpa da juventude (e nem será!), é incompetência do próprio governo que não tem tido capacidade de criar Políticas voltadas à promoção de empregos que possam cobrir a demanda; que tem ajudado a ‘lançar’ à falência centenas de indústrias, empresas; que não tem tido capacidade de atrair, com robustez, investimentos que possam catapultar o sector privado. O Senhor Presidente de uma Assembleia pouco ou nada representativa, ainda frisou que a juventude ‘«não procura emprego nos postos de empregabilidade». Perguntamos-lhe: será este pensamento a manifestação mais acabada do vosso ideal de «Construção do Novo Homem Angolano» ou fuga de responsabilidades e um atestado de incompetência e de preguiça à juventude angolana? É muito doloroso, quando ainda existem pessoas que pretendem brincar com o sofrimento de outros. E mais doloroso ainda quando esta irracionalidade advém de alguém com responsabilidades acrescidas no aparelho do Estado.

Deste modo, é nossa convicção que a mentira atrasa o desenvolvimento dos Países. Por isso, não serve para Angola. Assim, cumpre-nos informar à Si e à todos os angolanos e angolanas, que nós os jovens «ofendidos» não nos vamos abalar nas nossas convicções, em nenhum momento estaremos dispostos a colaborar com mentiras vindas de quem quer seja, e nem trairemos o nosso País. Pelo que, repudiamos e demarcamo-nos desta tamanha irracionalidade demonstrada e, face a isso, exigimos, da parte do Presidente da Assembleia Nacional, um PEDIDO DE DESCULPAS PÚBLICAS E QUE SE RETRACTE, se é que ainda nutre um mínimo de respeito e consideração pela maioria juvenil angolana. De nós, Senhor Presidente, angolanos e angolanas, podem ficar descansados que continuaremos firmes nas nossas convicções, nas nossas exigências e avançaremos sempre na busca do elementar para que TODOS NÓS, ANGOLANOS, tenhamos uma existência DIGNA E ACEITÁVEL.

Os jovens muito maltratados por si, também, aproveitam o ensejo para reforçar aos demais angolanos «ofendidos» que também se mantenham firmes nas suas convicções no processo de luta pela conquista do regime democrático e o Estado de Direito nacional, na devolução dos verdadeiros valores que devem nortear um Estado e na defesa da verdade. Contem connosco nesta batalha até o fim.

Para terminar, nós, «os jovens que não procuramos emprego», agendamos para o dia 27 deste mês de Agosto, segunda-feira, dia normal de trabalho na Assembleia Nacional, local onde o Senhor é Presidente, o processo de entrega dos nossos curriculums vitae a fim de sermos empregados numa das suas empresas.

«O Poder pertence ao Povo (os Cidadãos Angolanos) e não aos dirigentes, partidos políticos ou políticos».

Luanda, 16 de Agosto de 2018.

 

OS SUBSCRITORES:

1. Utukidi José Carlos; 2. Francisco Gomes Mapanda; 3. Pedro Gonga; 4. Nelson Mucazo Euclides; 5. Eduardo Mavunino; 6. Usongo Yeto; 7. Isildo Tito Marques; 8. Rosa Conde; 9. David Mendes Tatacho; 10. Arante Kivuvu; 11. Kimpavita Gouveia; 12. Junior Thomas; 13. Alemão Francisco Gomes; 14. Graciano Brinco; 15. Pedro F.K. Gonçalves; 16. José da Silva Alfredo; 17. Kabanda Ubanga; 18. Takbir Calielie; 19. Simão Paulo Nfulumpinga; 20. Domingos Paciente; 21. Xitu Milongo Ya Xitu; 22. Isildo Tito Marques; 23. Adelaide Machai; 24. Rosa Conde; 25. Hamilton Bala Steve Biku; 26. Walter Paiva; 27. Armanda Ferreira; 28. Joseph Zezito; 29. Claudio Diogo Papi; 30. Lando Miguel Domingos; 31. Zacarias Saturnino Barros; 32. João Danger Panda; 33. Jone Ginga; 34. Mordomo Templario ; 35. Manuel Nzambi; 36. Noe Francisci Jacob; 37. Helder Gonçalo; 38. Caetano Domingos; 39. Adão Francisco Sinal; 40. Albino Inocêncio Lopes; 41. Miguel Celestino; 42. Alvaro Sanate Dibanzilua; 43. Fernando Pedro; 44. Sola Antonio lisboa atalaia; 45. Valentino Luís Tchindele Pena; 46. Matchalal Joaquim Bernardo; 47. José Massango; 48. Manuel Pacheco; 49. Gelson Francisco; 50. Andreia Ificovale; 51. Ailton luis valente; 52. celestino chequety Samuel; 53. elias Adão Miguel; 54. rickelme Araujo; 55. Eduardo Chitocota Prata; 56. Maria Pedro; 57. Latinho Bras; 58. Ladislau Silva; 59. Erdogan Zumbuca; 60. Manuel Alberto Miguel; 61. Elisabeth Campo Andre; 62. Lusakumunu Panzo Teca; 63. António Cruz; 64. Mwatha Muhangueno; 65. Joaquim Luis Talaya; 66. André Muhangueno; 67. Gepele Monteiro Gepele Monteiro; 68. Arismendes Mendonça; 69. Mukas Kontas; 80. Hermenegildo João; 81. Flavio Dacorth; 82. Augusto Macedo Xavier; 83. Adolfo Fortunato Tamaku Baiacu; 84. Ndala Calueto; 85. Delmiro João Soares Soares; 86. Tânia Bastos; 87. Cote Domingos Domingos; 88. Luciano afonso; 89. Hermenegildo José Victor; 90. Nguinamau Sebastião Pedro; 91. Edmilson Pedro Hernani; 92. Admiro Van-Dunen; 93. Bamba Edgar Paca; 94. Luisa Varela; 95. Joseé Dorivaldo; 96. Emidio K.A. Caumba De; 97. Silvio Mario; 98. Paulo Pedro Martins Kabuana; 99. Pedro Daniel; 100. Gelson da Costa Reis; 101. Pedro Adao; 102. Orlando Pedro; 103. Ramon Gila; 104. Jaime Domingos; 105. Nfundo clinton Miguel; 106. Ernesto Yoba; 107; 108. Livulo Katchikumi Prata; 109. Bento Xavier; 110. Zola Daniel Rafael; 111. Mavungo Mangaza; 112. MARTINS DO ROSÁRIO; 113. N’daye Sorte Uker; 114. Afonso Belarmino; 115. Jorge G Varela; 116. Ladislau da Silva; 117. Alfredo Yawaba Muhongo; 118. Carlos Vieira Das Neves; 119. Flavio Lobato Figueira; 121. Augusto Dias soma; 121. António Estêvão Dala; 122. Khrónika U Samadhi; 123. Júnior Dinis; 124. Silva Kapila; 125. Décimo De Oliveira; 126. Domingos Manuel de Oliveira; 127. Maria Caiaia; 128. Herança Bernardo Limanga; 129. Gourgel Faspros Jindungo; 130. Vieira Neves; 131. Emídio Caumba; 132. Fussu Michel Mungodi

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