CAMPO DA MORTE: CASO N.º 7: AVISO: NO BAIRRO 6 ESTÃO A MATAR

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VÍTIMAS: Bruno Sebastião da Silva Rodrigues, 20 anos, natural de Luanda; Osvaldo Bumba “Juquinha”, 17 anos, natural de Luanda

DATA: 9 de Abril de 2017

LOCAL: Rua da Mamá Gorda, bairro 6, município de Viana

OCORRÊNCIA:

Juquinha despediu-se da família, residente no bairro do Rocha Pinto, numa sexta-feira (7 de Abril), para ir a uma festa no bairro 6, onde vive a sua mãe e onde antes residia.

“Eu avisei-o para não voltar ao bairro 6, porque lá estão a matar. O Bruno veio buscá-lo a casa”, conta José Bumba, irmão da vítima.

No dia fatídico, Juquinha e o amigo foram levados por quatro agentes que circulavam em duas motorizadas, cada um entre dois agentes.

No local do assassinato, Juquinha e Bruno Sebastião foram retirados das motorizadas. “O meu irmão foi atingido com dois tiros nas costas e um na cabeça”, revela José Bumba.

“Eles [os dois amigos] foram encontrados numa sentada [convívio social]. Acredito que as autoridades que os mataram têm de ter uma ordem superior. Os órgãos superiores têm motivos, em função do comportamento dos jovens”, explica o tio de Juquinha, que prefere não ser identificado pelo nome.

“O meu sobrinho mexia [cometia actos de delinquência]. Passou um ano e meio, entre 2015 e 2016, na Remar [ONG] do Porto Amboim, para ser reeducado, mas voltou e continuou com a sua vida”, explica.

Teresa Sebastião Domingos revela apenas que foi informada da morte do seu filho Bruno passadas duas horas, e que chegou ao local por volta das 16h00.

Bruno tinha sido libertado em Janeiro passado, depois de ter estado detido na Esquadra dos Contentores [44.ª Esquadra, em Viana] e quase dois anos na Comarca Central de Luanda. “Esteve esse tempo todo detido, sem nunca ter sido ouvido e sem ter sido julgado por suspeita de assalto a uma cantina”, lamenta a mãe.

 

Fonte: «O campo da morte – Relatório sobre execuções sumárias em Luanda, 2016/2017», Rafael Marques de Morais