CAFUNFO: CIDADÃOS BALEADOS POR AGENTES DA POLICIA

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António Francisco Kabonda foi baleado no dia 23 do mês corrente por um agente da Polícia da Intervenção Rápida (PIR) quando decidiu deslocar-se à esquadra de Cafunfo, na Lunda-Norte, com intenção de reaver o cadáver do seu cunhado, identificado por Joel, morto no dia anterior por um indivíduo que alegadamente se encontra detido na referida esquadra.

Texto de Rádio Angola

O vídeo abaixo, gravado e publicado no Facebook por  Jordão Muakambiza, jovem que reside na zona, mostra António Kabonda ensanguentado a contar como tudo ocorreu.

Depois de ser mandado para casa pela Polícia Nacional com o propósito de enterrar o seu cunhado, isto depois de lá ter ido às 7H conforme ordenado para prestar declarações, António Kabonda dirigiu-se ao local onde estava a ser realizado o óbito. Para seu espanto, os jovens familiares e vizinhos levaram o corpo do cunhado à esquadra para exigir justiça pela sua morte.

Kabonda prontamente foi ao encontro dos jovens. Ao chegar à esquadra, viu os agentes da Polícia Nacional com as armas em riste prestes a disparar contra a multidão. Imediatamente Kabonda pediu para que assim não procedessem.

“Gritei ´não faz isso, não faz isso´. Viemos buscar esse corpo para enterrar”, conta.

Tão logo balbuciou essas palavras, um agente da PIR, identificado como “o mais novo dentre eles”, disparou indiscriminadamente, atingindo António Kabonda e a tia outra tia do malogrado, Clementina Clemente Ndjinji, esta em pior estado comparando os dois. Outros agentes também dispararam, não faltando a explosão de granadas de gás lacrimogéneo.

“Ela está mais estragada que eu”, diz e indica a nádega direita onde foi atingido.

A receita prescrita | DR

António Kabonda, professor de química, foi levado ao hospital local. Na unidade hospitalar apenas lhe foi entregue um pedaço de papel com medicamentos prescritos para compra-los onde puder. Para o tratamento deveria regressar no dia seguinte.

“O médico disse que como meteram adesivo, então vai dormir [e] amanhã vamos verificar o que vai se passar contigo”, conta.

E enquanto fala, Kabonda não deixa de lamentar pelo estado de Clementina, que insiste dizendo: “está bem estragada”. Ambos estão a ser tratados em casa por familiares que lamentam a falta de dinheiro para adquirir os medicamentos.

Joel foi morto por um grupo de três cidadãos supostamente agentes de segurança privada. Dois se encontram foragidos. O detido, de nome Guerra, foi capturado por populares quando este tentava refugiar-se numa unidade militar em Cafunfo.