AUTORIDADES ANGOLANAS CONTINUAM COM PRÁTICAS DITATORIAIS NO PÓS DOS SANTOS

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Texto de Hitler Samussuku | Activista

EM NOME DE DEUS E DO DIABO | O ex-Presidente ditador José Eduardo dos Santos em 2015 havia criado uma série de cenários para manutenção do poder político tendo em conta a queda do Brent no mercado internacional.

Assim sendo, no Março começou com o caso Kalupeteka na qual vidas humanas foram banalizadas. Já no mês de Junho um grupo de 15 jovens foram detidos e por fim acusados de tentativa de Golpe de Estado, actos preparatório de rebelião, atentado ao presidente etc. Em Dezembro deste mesmo ano um grupo de ex-militares foi detido acusado de tentativa de assalto à casa do Presidente. Ainda neste ano, as embaixadas do Reino Unido e dos Estados Unidos da América haviam advertido os seus cidadãos para não frequentar espaços como Ulengo Center e Belas Shopping porque havia indícios de ataque terroristas.

Passado um ano, isto em 2016, as autoridades angolanas detiveram um grupo de 7 jovens angolanos muçulmanos e submeteram-lhes às mais graves formas de tortura física e psicológica com propósito de obrigar os jovens a assumirem-se como membros do Estado Islâmico em Angola. As detenções ocorreram entre os dias 02 e 04 de Dezembro. No dia 02 são detidos 5: Ana Júlia Kobel Kieto (Aisha Lopes) com seu esposo Angélico Bernardo da Costa (Muhammad da Costa), Bruno Alexandre Lopes dos Santos (Bruno Muhammad), Joel Said Salvador Paulo (Said) com sua Tia Fátima Salvador. No dia 4 de Dezembro, uma tarde de Domingo, são detidos mais 2: Dala Justino Camueje (Yassin) e Lando Panzo José (Ahmad Nlandu).

De acordo com o activista Luaty Beirão “apesar das evidências apontarem para mais uma fabricação processual, não houve foguetes nem alaridos, como em casos de condenações precedentes de outros grupos acusados de atentar contra a segurança do estado. A razão é fácil de adivinhar: o medo e a antipatia que a generalidade das pessoas sentem pela religião islâmica. Mas quais foram as provas apresentadas e consideradas suficientes para a privação de liberdade destes 4 jovens? A “leitura de um simples livro, a assistência de um vídeo de material de propaganda e a criação de uma página do Facebook” (cfr. p. 6 do acórdão do Tribunal Supremo)”.

Como prova dos “actos terroristas”, a acusação refere que foram apreendidos, em posse dos sete arguidos, cinco computadores portáteis, 11 telefones móveis, sete pen-drives, 168 livros diversos, dos quais, segundo critérios do SIC “38 são de carácter político, com elevadas tendências radicais e subversivas”, dois passaportes angolanos, uma PlayStation, um disco rígido, duas mochilas e uma carteira de documentos.

Desde o mês de Setembro de 2018, um grupo de activistas ( Utukidi Scoot, Hitler Samussuku e outros) tem levantado uma série de actividades que visam a libertação dos jovens. No dia 29 de Setembro, foi realizado uma vigília no Largo da Sagrada Família das 19 até as 21h30 com a presença dos familiares que apresentaram testemunhos da situação carcerária; de 30 à 4 de Outubro foi realizado uma exibição das imagens dos jovens na Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto; no dia 5 de Outubro um grupo de activistas se deslocou nas residências dos familiares como forma de demostrar solidariedade as vítimas do regime. A campanha que visa defender a liberdade dos 4 jovens muçulmanos é designada “somos a esperança de nós mesmo”. Vale aqui lembrar que os 4 jovens encontram-se espalhados nas cadeias de Kabocha (Província do Bengo), Kalomboloka (Entre as Províncias de Luanda e Kwanza Norte) e Kakila (próximo do Kalumbu). Os familiares encontram grandes dificuldades de deslocamento, de acordo com o pai de um dos jovens, já gastou mais de 5000.000 kzs para atender as necessidades do filho. A família está sem esperança porque não acreditam no funcionamento normal das instituições, aliás, os jovens já cumpriram metade da pena e até agora continuam encarcerados quando já deveriam beneficiar de liberdade condicional.

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