ADMINISTRADOR DA MATALA EXIGE SINPROF A ABORTAR A GREVE

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O administrador municipal da Matala, Miguel António Paiva Vicente, reuniu em privado no seu gabinete com o presidente da Associação dos Professores de Angola (APA) e o secretário municipal do SinProf, Manuel Furta, no passado dia 2 de Abril de 2018, exigindo que não se efective a greve que começa hoje, segunda-feira, 9 de Abril.

Texto de Jesus Domingos

Durante a reunião, o administrador, num tom de exigência, pediu que se aborte a greve e se abrande o que considera “espírito frustrante dos professores”. A APA, tida como um comité de acção do MPLA, imediatamente concordou com a exigência do administrador. “Eles defendem interesses político-partidários­ da elite governante, sendo que agem como uma instituição de subversão e um CAP não declarado”, disse fonte do SinProf local.

O secretário municipal do SinProf respondeu o administrador com as seguintes palavras: “Quando ele me pediu para abortar a greve respondi-lhe que a grave não depende de mim e se queremos parar com greve deve trazer aqui o caderno reivindicativo com todas propostas assinadas e todas categorias assinadas”.

Manuel Furta argumentou ainda que “a greve é um direito constitucional e vamos à greve não porque somos desumanos, mas porque devemos ganhar com dignidade. Temos professores licenciados e ganham ainda 40 mil Kwanzas. Isso é vergonhoso”.

Para o responsável sindical a reunião programada pelo administrador teve carácter intimidatório, e recordou que em 2014 foi alvo de perseguição e ameaça de morte pela sua posição vertical, por isso teme que isto venha a se repetir.

A greve decretada e negação à exigência do administrador foi aplaudida por muitos professores no município, com destaque ao docente Celestino Máquina, que disse: “É vergonhosa a posição do administrador em pedir o que não compete ao secretário municipal. O que ele fez é amedrontar o secretário”.

Celestino Máquina frisou que “o nosso administrador não gosta dialogar e resolver os problemas do seu povo”. Quanto aos pronunciamentos da UNTA e a APA, disse que “essas associações são do MPLA”, acrescentando que “a UNTA existe há anos mas nunca resolveu os nossos problemas e agora vêm dizer que somos anti patrióticos? Esses são cabritos que se acomodam na miséria que o MPLA lhes dá”.

Já o professor Typilica, funcionário há 20 anos que ganha como técnico médio, disse: “É hora de fazer as contas e reajustar os nossos salários. A PGR resolveu os seus problemas com os funcionários e nós estamos há quatro anos a reivindicar os nossos direitos e nos chamam e nos ameaçam. Nós vamos à escola segunda-feira, mas para fazer a greve”.

De recordar que a greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Professores Angolanos para reclamar pela reconversão de carreira dos docentes do ensino primário e secundário, passagem do estatuto probatório para o quadro definitivo, pela atribuição de subsídios de exame, de cargos de direcção e chefia e pelo pagamento de remunerações passadas.

O município da Matala conta hoje com mais de mil e 800 professores, sendo que muitos ganham como técnicos básicos, mesmo sendo licenciados e professores do II ciclo. No município esse sector tem sido marcado com actos de “corrupção cancerígena” que iremos reportar em reportagem brevemente.

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