Administração de Viana anuncia canoas milionárias num acto em que pescadores denunciam sobrefacturação

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A Administração Municipal de Viana está a ser acusada de sobrefacturação na construção de embarcações destinadas a uma cooperativa de pescadores na comuna de Calumbo. As embarcações, no total de 16, foram entregues nesta quinta-feira, 20, à cooperativa de um grupo de pescadores, que segundo O Decreto, contesta as ofertas de embarcações sem motores.

À imprensa, o administrador municipal, Fernando Eduardo Manuel, afirmou que as mesmas custaram aos cofres do Estado, 12 milhões de kwanzas e enquadra-se no programa do Executivo de Combate a Fome e a Pobreza.

Os beneficiários, receberam, mas contestaram a oferta por se tratar de embarcações sem motores.

Uma fonte da cooperativa insatisfeita, denunciou ao Decreto que, para o fabrico das embarcações de 10 a 7 metros cada, foram utilizadas mais de 180 madeiras e um número superior a 200 latas de tintas de 3kg de diversas cores.

“Eles mandaram vir todo material do mercado do Kicolo”, garantiu a fonte para quem o valor anunciado à imprensa pelo administrador municipal não corresponde ao preço real do fabrico das embarcações.

A fonte disse que, para o fabrico das referidas embarcações artesanais foi preciso o envolvimento de homens residentes na comuna.

“Como mão de obra, apenas uma canoa, de dez metros, custou 100 mil. As restantes, pagamos por cada uma delas 50 mil kwanzas”, assegurou.

“O valor dito pelo administrador não justifica. No mercado do Kicolo, algumas madeiras custaram 35 e outras 28 mil kwanzas. Eram trinta mestres que fabricam as canoas. Só um é que recebeu 100 mil os outros receberam todos 50 mil cada”, explicou a fonte que considerou a iniciativa da administração municipal “uma roubalheira”.

De acordo com a fonte que temos vindo a citar, o preço total das 16 embarcações de fabrico doméstico, não ultrapassa os 7 milhões de kwanzas.

“As pessoas estão a lamentar: ‘ como é que fizeram essas canoas tão grandes, mas sem motor?’ Ainda perguntamos ao director municipal da agricultura e pescas, como é que vamos conseguir fazer pesca com essas canoas sem motor? Infelizmente, ele não conseguiu justificar” disse a fonte que, considera a doação das embarcações nestas condições um desperdício de dinheiro.

Na sexta-feira, 21, o Decreto aferiu junto de uma marcenaria no distrito do zango-1 que, o fabrico de uma canoa com capacidade igual as que foram doadas a cooperativa de pescadores do Calumbo, estaria no valor de 150 mil kuanzas.

O combate a corrupção é uma das bandeiras de governação de João Lourenço. Mas desde que chegou a presidência em Outubro de 2017, o seu Executivo tem sido confrontado com resistência da prática do fenómeno herdado do longo consulado de quase 39 anos do seu antecessor, José Eduardo dos Santos.

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